
O casaco de ganga é aquilo a que se chama uma peça intemporal. Não concordo completamente com estas afirmações que defendem a existência de peças intemporais, ou melhor, concordo, mas não com a formulação geral da afirmação. E isto porque se é verdade que os vestidos pretos são intemporais, tal como o são as gabardines e os casacos do tipo canadiana, não é tão verdade que, por exemplo, o mesmo pequeno vestido preto usado digamos, nos anos 80, seja usado agora. A menos que se torne “vintage”, mas essa é outra formulação. Com os casacos de ganga a situação é idêntica: mesmo quando inspirados nos anos 80, estas peças sofrem sempre uma adaptação, uma reviravolta estilística, por parte dos criadores de tendências. A título de exemplo, um casaco de ganga comprado nos anos 90 dificilmente está agora na moda. Diria, assim, não que o casaco de ganga é uma peça intemporal, mas que os casacos de ganga, com as suas diferenças e diferentes inspirações, são peças intemporais.
Agora que esclareci esta minha opinião em relação ao estatuto do casaco de ganga, explicarei como deve ser conjugado, tarefa nem sempre bem-sucedida, que pode muito facilmente deslizar para o erro de moda – não que todos devamos ser escravos da moda, muito pelo contrário, mas a elegância é essencial em todos os momentos.
Em primeiro lugar, devemos ter dois casacos de ganga, um de verão e outro para o outono, que servirá também para os dias solarengos de fim de inverno. O casaco de ganga utilizado no inverno deverá ser azul-escuro ou preto, enquanto no verão é aconselhável que seja de uma ganga clara. No verão, o casaco pode ser substituído por um colete de ganga, muito fácil de conjugar com camisolas de manga curta ou mesmo de manga comprida, desde que justas.
O principal erro a evitar quando se veste um casaco de ganga é exagerar na informalidade e descontração da restante indumentária, principalmente fazer acompanhar o casaco por outra peça de ganga. De facto, isso deve ser evitado a todo o custo: num visual elegante, não há lugar para duas peças de ganga. As regras não são muitas, mas são cruciais e, seguidas cuidadosamente, serão o segredo para a elegância, essa sim, intemporal.