
Falar de moda é como falar de tudo o que nos molda e nas formas nas quais nos enquadramos.
À semelhança do oleiro que dá corpo ao barro, até obter a sua obra de arte final, também a moda nos talha, enquanto indivíduos e, numa escala mais alargada, enquanto sociedade, fazendo parte da identidade cultural de cada povo e de cada época.
Desde o vestuário, ao mobiliário, à nossa habitação, ao espaço do nosso trabalho ou de eleição para o nosso lazer, passando pelas formas de comportamento, usualmente equiparadas aos costumes, música ou outras> expressões artísticas, a moda está sempre presente. E se por um lado, nos espelhamos em todas essas manifestações, também são elas que influenciam o nosso modo de estar na vida e com os outros.
Mas o que é afinal a moda? Mais do que uma tendência, assumida como uma atitude ou forma predominante sobre as suas pares, a moda é todo o conjunto de ações harmonizantes, partilhadas por um grupo de pessoas.
A vivência comum proporcionada pela adesão à moda, faz dela uma engrenagem unificadora da sociedade, espelhando a sua cultura, num determinado espaço de tempo. Ela é por si só, mutante, dando origem à transformação, sentida por todos, como a identidade da nossa evolução.
Paralelemente, à unificação gerada pela moda, onde à primeira vista todos somos iguais, desde que enquadrados dentro de determinados moldes por ela ditados, há, no interior do seu próprio conceito, um cariz antagónico.
Face ao desejo de pertença, a raça humana une-se aderindo à Moda. Por outro lado, e respeitando o direito à individualidade é à diferença (essência da identidade de cada um), a Moda cria afluentes que estratificam.
Se verificarmos, na nossa história co-existem numa deteminada época, modas para cada classe social e para cada país ou região desse mesmo país. É o delimitar de um território específico, dentro da comunidade globalizante à qual todos necessitamos de nos sentir membros, em nome da nossa segurança pessoal.
O bilhete de identidade da Moda é como as duas faces de uma mesma moeda. A engrenagem que une a comunidade, gerando a necessidade de distinção em nome da nossa individualidade que, por seu lado se, transforma em moda, graças à necessidade de pertença inerente ao animal social – Mulher/Homem. E deste movimento se constitui a complexa evolução a Humanidade.