
Portugal não procria como devia. Desde há uns anos a esta data que a taxa de natalidade tem vindo a baixar. Os pais procuram uma melhor educação para os filhos, que se traduz cara, assegurada por colégios privados. Também a atividade profissional cada vez mais exigente, “proíbe” que os jovens adultos tenham mais filhos, limitando-se ao primeiro e em já raras exceções, ao segundo filho.
O hábito das famílias numerosas deixou de estar na moda, e se as nossas avós tiveram 14 filhos e ainda educaram os sobrinhos da irmã que faleceu, mais os filhos da vizinha, hoje em dia, esta situação é tão rara que é digna de comentário e entrevista televisiva.
Em consequência disto, a população envelhece e não se renova no mesmo número de indivíduos. Todos caminhamos para ser velhinhos, e se em tempos a velhice era uma coisa positiva, sinónimo de uma sabedoria idêntica à de uma biblioteca, hoje em dia as coisas estão diferentes.
Se pensarmos em velhotes solitários, abandonados e esquecidos, associamos a ideia á terras mais distantes no interior de Portugal, onde é difícil de chegar. Os filhos, esses que foram em tempos crianças da terra, partiram para a cidade e não podem visitá-los com a frequência desejada. Tem o trabalho, tem os filhos, mais os amigos e a vida que pela cidade grande levam.
No entanto, não só no interior do país se encontram idosos vítimas de solidão. Nas grandes cidades, a solidão também bate á porta. As ruas se enchem de pessoas que passam permanentemente, mas isso não é sinónimo de que entrem, cumprimentem e conversem com os velhotes.
Com atenção especial a esta gente tão frágil e sábia, começaram a prestar-se serviços de companhia. Os serviços consistem em olhar pelo idoso, acompanhá-lo e verificar as suas necessidades.
Já existiam este tipo de serviços através das paróquias que os velhotes frequentavam, mas como a companhia não era sempre certa, esta prestação de serviços ganhou força e instalou-se no mercado.
As acompanhantes dos idosos, cumprem religiosamente o seu horário, que pode ser o mais diverso. Todas as manhãs, duas vezes por semana, ou até todos os dias.
Chegam á hora marcada nos dias combinados, e conversam, falam sobre as coisas banais que ajudam estes seres tão sábios a sorrir.
Na hora de solicitar um destes serviços, verifique o tipo de trabalho que é feito. Escolha o acompanhante para os seus pais como quando está a escolher a escola dos seus filhos. Dê o melhor a quem lhe deu o melhor a si! Os serviços podem incluir banho, limpeza á casa, tratamento de roupa e até serviços de enfermagem e os preços, apesar de caros, não pagam aquilo que os nossos velhotes mais precisam. Uma conversa amiga.