
Quando se fala de serviços, vem imediatamente à mente aquela expressão mal disposta e carrancuda de inúmeros funcionários de repartições públicas, atrás de um balcão, que não esconde, contudo, a total ausência de educação e de delicadeza no atendimento às pessoas que dele se abeiram. Já para não falar da falta de rapidez e eficiência nos obséquios prestados.
Parece mesmo que estão a fazer um favor de muito má vontade…
Raramente se pode aferir acerca da brancura, ou não, das respectivas dentuças: não mostram os dentes a ninguém. O que aparece, frequentemente, são as “garras”, que apontam na direcção de algum colega mais incauto, geralmente com a conivência e a complacência de outro. Entretanto, o utente espera pacientemente que termine a sessão de má-língua para ser atendido.
Sobretudo em indivíduos de idade mais avançada, as varizes e os problemas nas articulações não se compadecem com tamanhas demoras e as dores incomodam. Do outro lado, as “caras de pau” permanecem impávidas e serenas. Isto daria mote para se afixar na porta de entrada ou na parede um cartaz semelhante ao que, numa vila do interior, o presidente da Câmara Municipal, irritado com a gente que vinha das aldeias e amarrava os burros em frente aos Paços do Concelho, mandou pregar: «A partir de hoje, é expressamente proibido prender os burros aqui fora, para não atrapalhar os que estão lá dentro!»
Hoje em dia, com a introdução do livro de reclamações e da avaliação do desempenho na função pública, e das correspondentes consequências, talvez se pense duas vezes antes de dar uma má resposta ou de recusar um sorriso de simpatia. E, provavelmente, ter-se-á maior atenção ao rigor e à uniformidade das informações que se dão e a toda uma série de certificações indispensáveis a um trabalho sério. No âmbito da medicina, certos erros e negligências podem ser irreversíveis ou mesmo fatais.
Acontece, por exemplo, quando não se verifica a devida comprovação, a amputação de membros sãos, ao invés dos gangrenados e destruídos, ou a declaração de um óbito que, afinal, está vivo! Acordar na fria pedra da morgue é que deve ser um susto de morte…!
As auditorias e as investigações imparciais e isentas são meios eficazes de combate ao desleixo e à fraca produtividade. Evitam ou, pelo menos, dificultam, entre muitas outras coisas, a execução prática da máxima: «Entrar tarde e cedo sair dá mais tempo para divertir.» E, já agora, porque não implementar a obrigatoriedade de cumprir o que dizem os avisos em todos os espaços dotados de sistema de videovigilância: «Sorria! Está a ser filmado»?...