rua-direita rua-direita publicou: Stress e decisões: uma combinação perigosa
A idade contemporânea caracteriza-se pelo movimento feérico e alucinante das relações humanas, seja ao nível laboral, físico ou memo emocional. A rapidez é uma constante, presente no nosso quotidiano e é exigida de forma esmagadora nos mais diversos tipos de situações, das quais se espera que resulte uma decisão, tomada sob grande stress, obviamente. A questão é simples: será isto saudável / esperável / desejável?

Antes de apresentarmos uma resposta taxativa, devemos primeiro analisar os dois conceitos: stress e decisão. O primeiro, o stress caracteriza-se por ser uma resposta do nosso organismo a um estímulo exterior/interior desagradável e indesejado. Esta reacção orgânica constitui uma característica ancestral do corpo humano, uma vez que, outrora, enquanto animais irracionais, necessitávamos de respostas e de reflexos rápidos que nos protegessem dos predadores, por exemplo. Esta herança continua a fazer pleno sentido, uma vez que os actuais «predadores» assumiram apenas outras formas: a dor, a tristeza, a solidão, a pressão no trabalho, más condições de trabalho, más relações no seio da família, a pressão da responsabilidade – contas por pagar, dinheiro insuficiente – uma reunião, um casamento, um divórcio, enfim, a lista é imensa e ainda mais se o indivíduo habita num ambiente citadino.

Todavia, há que ressalvar que as situações enumeradas provocam geralmente quadros de stress crónico, extremamente nocivo para a saúde mental e física do paciente. Existe, no entanto, o stress ocasional que, este sim, funciona como uma resposta natural do corpo e, como tal, acaba mesmo por revelar efeitos benéficos para o ser humano, uma vez que o protege e estimula a enfrentar ou a fugir do problema, se for esse o caso.

Foquemos agora o outro conceito, a decisão ou a tomada de decisão: decisão, etimologicamente, provém do latim de – que significa parar, interromper – e caedere – que significa cortar. Portanto, decisão ou decidir significa, literalmente, parar de cortar ou, se quisermos, deixar fluir, logo, escolher, seleccionar, optar, designar, deliberar, assentar. E todos estes termos apontam para um leque de alternativas, de caminhos, que, ante a eleição de um deles como o melhor, se prevê um período de alguma reflexão e frieza de análise.

É, pois, insensato tentar-se coadunar os dois conceitos, se bem que nos dias que correm, essa seja a regra e não a excepção. No mundo laboral predominam as decisões tomadas em ambientes de grande stress, o que, segundo um estudo liderado pelo professor Nuno Sousa, docente na Universidade do Minho é improdutivo, pois a pessoa stressada tem tendência a decidir-se pela hipótese mais habitual e não pela mais favorável.

Espera-se que o mundo do trabalho mude, para bem do ser humano, sem «stresses»…