rua-direita rua-direita publicou: O coração também sofre pela boca
«Ter o coração na boca» é uma expressão que evoca a sinceridade dos sentimentos de alguém. Porém, ter a boca no coração devia espelhar a preocupação de a manter saudável, por causa do que a sua falta de saúde pode ocasionar em termos cardíacos. Efetivamente, estudos científicos relativamente recentes vieram demonstrar que quanto mais cáries e dentes em falta um adulto jovem patentear, maior é o risco que corre de vir a sofrer de doenças cardiovasculares. Na realidade, as bactérias hospedadas na boca podem, de algum modo, chegar à corrente sanguínea e provocar infeções ou inflamações crónicas.

A ideia de que os processos inflamatórios desencadeiam o desenvolvimento de enfermidades coronárias tem vindo a ser sustentada, à medida que se avança no conhecimento científico, proporcionado por uma sucessão infindável de pesquisas. A inflamação é uma reação imunitária de defesa do organismo, passível de apresentar manifestações como febre, inchaço e dor, ou ser completamente assintomática.

Ante este último cenário, para saber se existe uma inflamação sistémica há que pedir ao médico assistente, sobretudo se houver fatores de risco, uma avaliação da proteína C ultrassensível no sangue, que representa um marcador de inflamação. A exposição continuada a esta proteína é suscetível de originar aterosclerose, patologia arterial periférica e até ataque cardíaco. Aconselha-se uma dieta anti-inflamatória, rica em óleo de peixe, frutas, vegetais com folhas e fibras. É ainda possível recorrer a suplementos dietéticos (sempre com supervisão de um técnico de saúde qualificado, devido aos efeitos potencialmente indesejados dos vários nutrientes que os compõem) como por exemplo o ómega 3 o extrato de alho envelhecido.

Há provas de que o alho é eficaz contra as estirpes da espécie estafilococus resistentes aos antibióticos, a bactéria geradora da pneumonia e estirpes resistentes de Helicobacter pylori (H. pylori). Na grande maioria das pessoas, esta bactéria, que habita no estômago, não produz sintomas. Noutras, contudo, desencadeia úlceras pépticas, certos tipos de gastrite e cancro. O alho possui ainda propriedades anticoagulantes e torna o sangue mais fino. Quando se está prestes a ser alvo de algum procedimento cirúrgico, é necessário descontinuar o uso de alho.

Parafraseando Mahatma Gandhi ao contrário (ele, que viveu, entre 1869 e 1948, e que afirmava que «a saúde é o resultado, não só dos nossos atos, como também dos nossos pensamentos»), poderia dizer-se que não basta saber e pensar sobre as coisas; a nossa saúde depende, em grande medida, das ações que nos dispusermos a levar a cabo pela edificação e manutenção de uma vida saudável.