
A hepatite C é uma inflamação do fígado originada por um vírus que, em muitos casos, evolui para uma situação de hepatite crónica e passível de levar a cirrose, insuficiência hepática e cancro, sem que se perceba muito bem porque é que uns pacientes desenvolvem cirrose em poucos anos e outros só ao fim de décadas. As divergências hormonais (é mais frequente nos homens), a idade em que o indivíduo foi infectado (a doença pode progredir mais rapidamente quando a contaminação é mais tardia) e o consumo de álcool (que potencia a reprodução do agente e deprime as defesas do organismo) são adiantados como possíveis razões.
O vírus da hepatite C foi descoberto através da tecnologia de biologia molecular, sendo a infecção por ele provocada designada até aí como hepatite não-A ou não-B. Às vezes, é mais fácil definir o que não se conhece bem pelo que se sabe que não é, porque não se domina o que realmente é.
Pesquisas levadas a cabo em doentes a quem foi diagnosticada hepatite C facultaram o estabelecimento de ligação entre a patologia e uma transfusão de sangue e derivados ou a toxicodependência.
Na realidade, basta que uma pequena quantidade de sangue contaminado entre na circulação sanguínea para se dar a transmissão. Assim, tudo o que se refira à partilha de seringas, lâminas, tesouras, escovas de dentes e outros objectos pessoais, bem como apetrechos empregues na preparação e no consumo de drogas (injectáveis ou inaláveis) consubstancia uma porta aberta à infecção. O contágio por via sexual é pouco habitual, mas no caso de múltiplos(as) parceiros(as) o uso do preservativo é obrigatório.
O VHC (vírus da hepatite C) não se dissemina no convívio social, nem na partilha de loiça ou outros utensílios. Contudo, é sempre útil desinfectar hipotéticas feridas e cobri-las com pensos e, eventualmente, com ligaduras. No que concerne ao beijo (amoroso), e embora o vírus já tenha sido encontrado na saliva, a propagação dar-se-ia apenas na presença de feridas na boca. O risco de infecção durante a gravidez aproxima-se dos seis por cento, afirmando a maior parte dos médicos que é seguro amamentar, dado que para passar o VHC da mãe para o filho teriam de se verificar, concomitantemente, golpes nos mamilos desta e cortes na boca da criança.
No ambiente médico, a hepatite C é conhecida como “epidemia silenciosa”, uma vez que o aumento (acentuado) dos infectados se processa com discrição semelhante à dos sintomas, que podem estar “hibernados” dez ou vinte anos.
Alguns destes sinais podem constar de letargia, febre, dores na região do fígado, perda de apetite, náuseas, mal-estar geral, dificuldade de concentração e, mais especificamente, icterícia. No entanto, é possível que um portador crónico do VHC se encontre no limiar de uma cirrose ou um carcinoma hepático sem apresentar qualquer sintoma.
Os medicamentos utilizados no tratamento da hepatite C, à semelhança dos outros fármacos, ocasionam efeitos secundários que devem ser esclarecidos junto do médico assistente, ao qual se recomenda que se peça conselho sobre esta e qualquer matéria que suscite dúvidas.