
A doença de Peyronie, assim chamada em honra ao médico cirurgião François Gigot de La Peyronie (cirurgião-mor da corte de Louis XV), que, em 1743, a descreveu. A doença revela um carácter benigno e incide sobre os corpos cavernosos do pénis, originando a formação de uma placa rígida nessa zona que dificulta ou impede mesmo a relação sexual. A doença permaneceu desconhecida durante muito tempo, pois o tabu em matéria de sexualidade sempre imperou na sociedade e só muito recentemente se abriu espaço para se debater livremente questões relacionadas com a sexualidade. A doença de Peyronie é uma delas e que, apesar da sua reduzida dimensão – afeta apenas 0,4 % a 3 % dos homens, à escala mundial – merece ser discutida e analisada.
As suas causas permanecem por esclarecer, mas alguns especialistas apontam o fator hereditário, o traumatismo peniano (na sequência de relações sexuais vigorosas, o que conduziria a feridas internas que, depois, cicatrizariam de forma anormal, formando as tais placas nos corpos cavernosos), anomalias do colagénio (relacionado com as proteínas do tecido conjuntivo) ou a medicação (beta-bloqueantes utilizados no tratamento da esclerose múltipla e do glaucoma) como possibilidades que desencadeariam a doença. Contudo, não existem certezas, apenas hipóteses.
A doença percorre diversas fases, sendo que a primeira se caracteriza por ereção dolorosa, a segunda pelo aparecimento de placas rígidas no pénis e desaparecimento da dor e, a terceira, pelo surgimento de uma curvatura do pénis durante a ereção, motivo pelo qual muitos homens acabam por vencer os seus receios e decidem-se a consultar um médico – já numa fase avançada da doença. A faixa etária mais afetada pelo problema compreende-se entre os 40 e os 60 anos e as suas complicações envolvem óbvias dificuldades na manutenção de relações sexuais satisfatórias; a doença é muitas vezes acompanhada de vergonha e chega a ser encarada como uma monstruosidade por parte do doente, afetando o bem-estar psicológico do mesmo e do casal. Todavia, a doença apresenta-se em contornos benignos e, geralmente, estabiliza ao fim de 2 ou 3 anos.
O seu tratamento diverge muito de situação para situação. Assim, numa fase inicial da doença, o médico pode tomar uma atitude conservadora (mantendo apenas o paciente sob observação); se existirem sinais de progressão da doença, com desenvolvimento da placa, o médico pode receitar medicação oral (vitamina E) ou injetáveis na placa (colagenases e esteroides); numa fase mais avançada da doença, em que a curvatura do pénis impede já as relações sexuais por completo, é normalmente recomendada a cirurgia, através da qual se remove a placa e se substitui por próteses penianas, de forma a reconstruir o órgão sexual.