rua-direita rua-direita publicou: Distinga a tristeza da depressão
Vulgarizou-se, na atualidade, o uso do termo «depressão» para caracterizar todo e qualquer sentimento de tristeza que todos os seres humanos, invariavelmente, acabam por sentir nalgum momento das suas vidas. Sempre que se sofre uma deceção, uma perda ou frustração, apelida-se o período (curto) que se segue de depressão e, como tal, chegam a comprar-se medicamentos anti-depressivos para tratar uma patologia que de tal não possui nada – é uma fase de tristeza, nada mais.

Mas a facilidade com que se adquire a solução ideal para tratar estas «depressões» (que são apenas fases passageiras de tristeza) podem, gradualmente, incapacitar o indivíduo para lidar com a tristeza, impedindo-o de beneficiar dos seus efeitos reconstrutores ao nível emocional. De facto, a tristeza mais não é do que um período, por regra, curto que se experimenta após uma notícia desagradável, infeliz ou inesperada, mas negativa. O cérebro humano desencadeia, então, uma série de mecanismos que permitem à pessoa utilizar aquele período de tempo para, literalmente, retirar uma lição do que se passou, para meditar um pouco, reorganizar as ideias, e prosseguir novamente com a sua vida, agora que o problema já foi superado de uma maneira saudável. É, pois, se quisermos, um mecanismo de sobrevivência natural e mesmo benéfico, que não deve ser tolhido ou impedido pelo uso de medicação – tal não faz sentido rigorosamente nenhum e equivale a situações absurdas como tomar um medicamento contra o facto de nos levantarmos todos os dias. É a natureza a funcionar e não devemos querer impedi-la, pois, ao fazê-lo, estaremos a prejudicar-nos.

Todavia, existe a depressão, uma doença (e não um estado natural) verdadeiramente tormentosa e, em muitos casos, incapacitante e que, por acarretar sintomas inicialmente semelhantes aos da tristeza, é geralmente confundida com esta. Este distúrbio caracteriza-se pela tristeza constante, que se mantém mesmo sem causa aparente; as situações que outrora constituíam fonte de prazer para o afetado, revelam-se-lhe agora absolutamente indiferentes; perde-se o convívio com amigos e familiares, bem como a capacidade de concentração; e, finalmente, a pessoa pode apresentar-se mais irritada do que seria normal. É fácil concluir que esta doença requer auxílio médico imediato, pois o seu desenvolvimento ou prolongamento não são, de todo, desejáveis, uma vez que a depressão incapacita a pessoa (não nos esqueçamos que o ser humano é um «animal social», tal como afirmou, há milhares de anos atrás, o filósofo Aristóteles) para o trabalho e para a simples convivência social. Para além da terapia psiquiátrica, pode recomendar-se o uso de alguma medicação que será prescrita tendo em conta o quadro específico do doente.

Tristeza e depressão são, portanto, quadros de natureza muito diversa e, enquanto o primeiro significa saúde, o segundo significa doença. Previna-se!