rua-direita rua-direita publicou: Diabetes na gravidez
A diabetes que surge durante a gravidez caracteriza-se pela maior resistência do organismo à insulina, ocasionada pela libertação de hormonas pela placenta, que anulam o efeito da insulina. Em condições normais, o corpo da mulher produz o dobro da insulina; contudo, o pâncreas pode ter dificuldade ou ser mesmo incapaz de fabricar quantidade suficiente, sobretudo se já houver diabetes antes, pelo que a situação tenderá a piorar.

A diabetes durante a gestação (que tende a surgir entre a 20.ª e a 24.ª semanas), que afeta uma em cada vinte grávidas e costuma desaparecer com o término da gravidez, deve ser alvo de um controlo apertado, para que este período decorra sem problemas para a mãe e para o bebé, e para evitar que a diabetes tipo 2 se instale no futuro.

Não obstante o facto de que qualquer mulher pode vir a apresentar diabetes no decurso da gravidez, há fatores suscetíveis de incrementar esse risco: antecedentes familiares de diabetes (linha direta), idade igual ou superior a 35 anos, obesidade, vários partos precedentes, dois ou mais abortos espontâneos, nados mortos ou morte perinatal sem motivo determinado, peso fetal a partir dos quatro quilos e aparecimento de diabetes na gestação anterior. Na presença de qualquer um destes itens, é aconselhável que a grávida faça o rastreio logo no primeiro trimestre.

O tratamento deste tipo de diabetes tem o intuito de manter a glicemia em valores normais no transcorrer da gestação e pode englobar uma dieta especial (hipocalórica, não contendo açúcares nem bebidas açucaradas, com consumo de porções escrupulosas de glícidos de absorção lenta, fracionamento das refeições de duas em duas horas, saladas e hortaliças sem restrições, jejum noturno não superior a oito horas, ingestão abundante de água nos intervalos das refeições e recusa de fritos e molhos), exercício físico regrado, monitorização diária da glicemia e insulina quando necessário.

A diabetes é passível de acarretar diversas consequências (cuja gravidade dependerá do controlo glicémico) para a mãe (aborto espontâneo, pré-eclampsia, infeções respiratórias e urinárias) e para o bebé (macrossomia – com tudo o que daí pode decorrer em termos de parto traumático, asfixia, fratura da clavícula e do úmero -, malformações dos órgãos internos – espinha bífida, deficiências cardíacas e esqueléticas -, problemas respiratórios no recém-nascido, icterícia, …). A longo prazo, é possível que a diabetes ocorrida durante a gravidez leve a uma maior propensão para a obesidade na adolescência e crie uma tendência diabética. Com o propósito de contrariar esta predisposição, há que ir vigiando o índice de massa corporal, promovendo hábitos de alimentação saudável e estimulando a atividade física, em detrimento do sedentarismo.

Um teste positivo de diabetes na gravidez traduz o reconhecimento de mulheres com um risco três a cinco vezes superior ao comum dos mortais de vir a padecer de diabetes. O interessante é que tal diagnóstico permite delinear planos de intervenção que previnam e protelem o início de uma diabetes e respetivas complicações. Assim sendo, quem passou pela experiência de uma diabetes associada a uma gravidez deve alterar o estilo de vida, ajustar o peso corporal e praticar exercício físico com regularidade.