rua-direita rua-direita publicou: Cuide-se!
Se fosse levada a cabo alguma acção de marketing em que se falasse às pessoas de saúde, a reacção mais expectável talvez fosse o torcer do nariz por parte destas, sobretudo se se tratasse de um questionário que lhes fizesse tomar consciência dos erros recorrentes que fazem, num verdadeiro atentado à sua própria vida, ou, no mínimo, à qualidade desta.

Se é certo que as actuais condições dos sistemas de saúde em geral são, só por si, desencorajadoras de qualquer doença, também não é menos correcto afirmar que se joga muito com a sorte, provavelmente fiando-se que as coisas más só acontecem aos outros. Ora, os outros dos outros podemos muito bem ser nós!

A questão do tabaco cai aqui que nem uma luva. A publicidade antitabagista apresenta níveis de penetração e de sucesso muito reduzidos. Os fumadores têm a tendência de rejeitar automaticamente tudo o que ouvem e vêem a respeito dos malefícios do seu vício. Arranjam mil e uma desculpas e justificações para manterem a sua atitude sem culpa e viram, simplesmente, as costas às realidades que, entretanto, vão acometendo outros, às explicações mais ou menos detalhadas de especialistas acerca dos fenómenos que ocorrem quando se fuma, aos sintomas de cansaço e dificuldade respiratória de que já padecem, enfim, tudo é válido para tentar negar evidências que exigem coragem e vontade de mudança…

Alguém definia o tabaco como uma planta carnívora que se alimenta de pulmões. Na prática, esta noção não anda muito longe da verdade. Faria falta aos fumadores inveterados, resistentes e teimosos visitar o serviço de pneumologia de um instituto oncológico e sentir de perto a aflição de morrer com cancro do pulmão. Talvez reequacionassem as suas opções e prioridades e, quiçá, tivessem algum rasgo de bom senso. De contrário, mais vale seguir um costume dos egípcios quando viam a morte a chegar: disfarçavam-se de múmias!

O povo diz, com a sabedoria que lhe advém da experiência, que há remédio para tudo menos para a morte, mas, de facto, há horas derradeiras que podiam ser bastante proteladas, “negociando” um cigarro, um maço, um pacote, … As crianças, na sua inocência, revelam por vezes uma compreensão e uma aceitação mais profundas e racionais de âmbitos delicados da existência humana. Um garoto, a quem a avó procurava advertir sobre o que era pernicioso para a saúde, interiorizou o que acabara de escutar e, em tom cauto, observou que o pior para a saúde é mesmo ficar doente!