
À semelhança do que acontece com as canções, na cultura africana, a dança integra a música. Para o africano, a experiência musical é sobretudo uma vivência emotiva: por mais belos que sejam os sons, ficam empobrecidos de sentido se não forem complementados com a dança ou se não contribuírem para dar expressão autêntica ao espetáculo. Além disso, o movimento corporal aumenta o prazer individual da música, mediante a sensação de uma maior participação e através dos impulsos que se criam ao acompanhar o ritmo com o movimento físico.
A dança é importante, porque permite libertar as emoções, funcionando, eventualmente, como forma social e artística de comunicação. Com a dança, os indivíduos e os grupos comunitários manifestam atitudes de hostilidade, de cooperação ou de amizade. Podem demonstrar o seu respeito relativamente aos superiores, a estima e a gratidão para com quem lhes deseja ou faz bem.
Quando um membro do povo akan, do Gana, dança e levanta a mão direita ou ambas as mãos ao céu, o que pretende ele significar? Que está a olhar para Deus. Se levar o indicativo à cabeça, indica que tem um problema, uma coisa em que tem de pensar seriamente. Colocando o indicador debaixo da vista direita, mostra que nada tem a dizer, que vê como as coisas estão a decorrer. Naturalmente que se pode dançar sem a pretensão de transmitir qualquer mensagem, exprimindo apenas os próprios sentimentos.
Como a dança é um veículo de expressão, pode andar estreitamente vinculada aos acontecimentos comunitários do momento. Dançar nos funerais não significa só dor e pesar, mas pode, igualmente, ser homenagem ao defunto e um ato de solidariedade em momentos difíceis como este. As comunidades africanas possuem normas diversas quanto à dança. Tendem a especializar-se nalguns movimentos em detrimento de outros. A diversidade refere-se também à qualidade, ao tempo e à execução dos movimentos. Por exemplo, inúmeras danças do Norte do Gana são mais vigorosas do que no Sul. Em muitas zonas, há algumas diferenças entre as danças de homens e de mulheres, embora os passos fundamentais sejam idênticos.
As palmas, assim como os círculos formados pelas pessoas, são outros exemplos de comunicação não-verbal que exprimem, amiúde, uma profundidade que as palavras não conseguiriam consubstanciar ou, a verificar-se essa capacidade, tornariam mais frio o conteúdo, promovendo, eventualmente, uma distância antagónica ao calor que a música (cantada, tocada ou dançada) em África pretende instituir.