rua-direita rua-direita publicou: Mantenha-se sólido!
Qualquer construção exige uma vasta panóplia de materiais que, para apresentar um mínimo de qualidade, têm de ter um preço condizente. Isto para dizer que nada é barato e que há que desconfiar do que se nos deparar com uma vantagem assaz discrepante comparativamente às alternativas viáveis. No sector da construção, como aliás em muitos outros, é necessário estabelecer a razão de proporcionalidade custo/benefício, uma vez que se trata de um investimento mensurável e, em princípio, para toda a vida.

Há materiais indispensáveis e indissociáveis, e ainda bem, uma vez que existem relações de proximidade entre eles. Por exemplo, quem é a mãe da porta? É a mãe-Saneta! E o tio da parede? O tio-Jolo! E o que disse o tijolo à tijoleira? «Há um “ciumento” entre nós!» Bom, na verdade, muitas vezes era desejável haver realmente mais cimento entre eles, de modo a tornar a edificação mais sólida e fiável, porque o que acontece frequentemente é que, por falta dele, as paredes racham por tudo quanto é sítio… Depois, vem a humidade e toma conta do resto. Numa questão de algum tempo, ou se remendam as fendas, ou se acolherão as pingas de chuva em casa.

Para além dos materiais directamente implicados na construção em si, há outros que são uma espécie de intermediários para a aplicação dos primeiros. É o caso dos andaimes (palcos de quedas verdadeiramente acrobáticas, de onde é possível ter uma vista esplêndida sobre os transeuntes), de uma multidão imensa de acessórios de carpintaria, pintura, pavimentação, canalização, etcétera, e de um utensílio que está em tudo e para tudo: o escadote. Há quem diga que dá azar passar por debaixo dele. Assim à primeira vista, parece que o azar maior é vê-lo, e senti-lo, em cima do próprio pêlo!
Mas isso, claro, depende do conceito de infortúnio, que é subjectivo…
Seja como for, o importante é usufruir de um escadote de categoria superior. De outro modo, como se subiria na vida de forma consistente?

Se calhar, é por não terem atenção aos “degraus” que pisam que muitas pessoas andam para aí a querer passar por cima dos outros para trepar através do mérito alheio, socorrendo-se, não raras vezes, de esquemas pouco claros, lícitos ou dignificantes. O que geralmente acontece é que quanto mais sobem, maior é o tombo que dão. Trata-se de uma inevitabilidade inerente ao impulso de pretender dar passos mais largos do que as pernas…