rua-direita rua-direita publicou: “A mais cruel das Tiranias” – Histórias reais, ou nem por isso
Com o processo “Casa Pia”, fomos confrontados, enquanto sociedade, com realidades que durante muitos anos não quisemos, saber, acreditar ou lutar em defesa de.

Como este processo existem milhares espalhados pelo mundo inteiro, verdadeiras mentiras reais que nos assustam, fazem temer e acordam-nos para uma realidade crua e sofrida.

Todos criamos opiniões sobre todos estes processos e defendemos ou acusamos pessoas através de julgamentos feitos com base na informação que os media nos dão.

Não querendo de forma alguma suscitar opiniões ao leitor, não trato do processo acima citado, nem de nenhum caso polémico que nos seja próximo, mas de outros frisados no livro – “A Mais Cruel das Tiranias”.

“A mais cruel das tiranias” escrito por Dorothy Rabinowitz é um relato de histórias reais de acusações não fundamentadas, surgidas de alegações com consistência pouco ou nada investigadas.

As histórias são várias, mas transcrevo em forma de relato uma delas:

“… Em agosto de 1983, uma mulher chamada Judy Jones, acusou Ray Buckley, de 29 anos professor e neto do fundador, de ter sadomizado o seu filho de 2 anos. A queixosa era alcoólica, vindo mais tarde a ser-lhe diagnosticada esquizófrenia paranoica…. Na sequencia das centenas de entrevistas com os alunos da escola… vieram a lume pormenores dos crimes espantosos alegadamente cometidos na escola e que encheram páginas da imprensa diária….

Durante 7 anos, a família de Burckley foi acusada, enxovalhada pela sociedade sem que a palavra inocência pudesse sequer ser ouvida quando aclamada pelos acusados. Quem não foi preso, viu a sua vida cair em desgraça, desfeita tal maltrapilho.

Apesar das entrevistas com a polícia e os psicólogos, nada nem ninguém considerou que estavam a ser acusadas e julgadas pessoas inocentes. Apesar dos indícios, as prisões e vexames sucederam-se. Acabaram por conseguir manter a sua inocência e prová-la, mas a um custo que custou vidas inteiras.

Este livro mostra-nos que a acusação de crimes de abusos sexuais contra crianças está na moda. Acusam-se sem provas e acreditam-se em palavras de ordem mal julgadas e mal interpretadas. Até que ponto, nós, enquanto sociedade não julgamos e incriminamos sem sermos verdadeiros conhecedores de todos os lados. Mantém-se a ideia de – preso por ter cão e preso por não ter. Afinal, cabe-nos proteger seres tão sensíveis e há que acreditar primeiro na palavra de uma criança do que na de um acusado, mas até onde chega o nosso bom senso. Um livro arrepiante a não perder.