rua-direita rua-direita publicou: Não ande fora do tempo!
Com certeza, não repugnaria a ninguém assumir como cúmulo para um relógio ter as horas contadas. Apesar disso, é o que acontece de vez em quando, e constitui um dos motivos de visita a uma relojoaria ou, se o gosto for refinado e a bolsa o permitir, a uma joalharia. De facto, alguns relógios são, para além de fiéis servidores de chrono (deus do tempo), verdadeiras preciosidades e complexas obras de arte. Escusado será dizer que representam para o (a) portador (a) um perigo imenso, a não ser, claro, que se tenham os pulsos no seguro (e, já agora, mais algumas partes do corpo, não vá a coisa correr para o torto…).

Os relógios e as jóias, alvos da atenção e da cobiça alheias, integram um negócio arriscado que apresenta, em alguns casos, desfechos trágicos para os comerciantes. Infelizmente, há quem valorize mais as peças que vai roubar do que a vida da pessoa que tem à sua frente! Já para não falar dos prejuízos materiais, que podem arruinar a existência de quem sobrevive ou a dos familiares que ficam.

Não obstante, estes são, manifestamente, dos acessórios de moda que mais visibilidade conferem. Pelas marcas exibidas, a evidente qualidade ou a simples beleza, podem assinalar realmente a diferença. Há quem, por exemplo, tenha um relógio para cada farpela que enverga, com a côr e o feitio que caem mesmo bem na indumentária escolhida. Outros usam um ou mais relógios em cada braço, certamente com medo de andar fora do tempo…

Quanto às jóias, tantas vezes barbaramente ultrapassadas por rascas imitações, costumam descrever presentes caros que o amor exige. Não que o preço tenha uma relação de proporcionalidade directa com a intensidade do sentimento, obviamente, mas quando se tem afeição genuína por alguém deseja-se ofertar-lhe o melhor… Assim que, quando um coração apaixonado alcançar a coragem suficiente para lhe declarar: «És uma pérola preciosa», resista à tentação de pensar: «Pois, trata-se de “atirar pérolas a porcos”…».

A propósito de animais, o galo parece ser mais complicado de regular do que os próprios relógios, razão pela qual os camponeses patenteiam dificuldades com a mudança dos horários.

O universo dos relógios não se confina, todavia, àqueles mais convencionais; efectivamente, voltou o hábito dos relógios de bolso e, no contexto doméstico, não há que esquecer ou minimizar o famoso relógio de cuco, qual big ben caseiro que impede que nos venham a chamar de “atrasados”…!