
Por vezes, a poluição atmosférica é tão densa que mal se consegue vislumbrar o azul do céu. Em dias mais ventosos, e segundo as leis de Murphy, há invariavelmente partículas que encontram olhos onde se depositar. Ainda que não tenhamos chegado aos assustadores índices de concentração de Tóquio, onde brevemente será difícil inspirar sem o auxílio de máscaras e botijas de oxigénio, a progredir a este ritmo pouco faltará. As previsões de degelos e alterações climáticas têm pecado por defeito, em termos de consequências nocivas e de tempo de ocorrência.
Se há quem diga que as constelações servem para esclarecer a noite, é melhor multiplicá-las, porque as trevas da ignorância, do egoísmo e da estupidez natural de alguns ameaçam a sobrevivência do Planeta inteiro! Podia tentar medir-se, com a ajuda de um anemómetro, a intensidade do ar que sopra em cachimónias destas… Cabeças de vento é o mínimo que se lhes pode chamar!
De uma maneira geral, as pessoas parecem querer desconhecer ou adiar a sua quota-parte de responsabilidade no aparecimento dos problemas e na sua solução ou minoração dos resultados. Por muito que se fale na poupança de água, de electricidade, de gás e de outros recursos esgotáveis, como o querosene, jazidas de cobre e de ferro e depósitos de cobalto, os “sentimentos metálicos” sobrepõem-se ao interesse pela defesa da vida… inclusive da humana! Embora haja defensores de que «o petróleo apareceu há muito séculos, numa época em que os peixes se afogavam dentro de água», provavelmente no mesmo período geológico em que as aves tinham vertigens e as minhocas claustrofobia, o certo é que os peixes, actualmente, correm o risco mas é de se “afogar” em tanta imundície que lhes invade as águas que, afinal, eles sempre cruzaram a nado. Qualquer dia, só com filtros, quiçá patrocinados pelo Michael Jackson, é que estes animais conseguirão respirar…
Os incêndios são outra das calamidades do nosso tempo, mormente quando chega o Verão. A quantidade de floresta dizimada e o fumo expelido para a atmosfera reduzem os tão necessários espaços verdes e potenciam o efeito de estufa. Nas áreas afectadas tem, frequentemente, lugar a construção de complexos turísticos, habitacionais ou industriais. Evidentemente, tratar-se-á, sem margem para suposições maldosas, de uma coincidência e não de uma causa. Ou, melhor, de uma multiplicação de coincidências, porque estes casos não são isolados nem únicos. Afinal, a vingança nem sempre se serve fria…
Limpar os matos, optar por energias renováveis, diminuir o consumo e reciclar são medidas amigas do Ambiente. Numa perspectiva mais doméstica, arranjar um “sogrão” daria jeito. Poder doar a sogra ao sistema de reciclagem é o sonho de uma multidão de noras e genros. Como tal não é, todavia, possível, pelo menos aconselha-se a evitar lançá-la onde figure a recomendação: «Não deitar lixo» …