
É sempre agradável entrar numa atmosfera bem cheirosa. Sobretudo quando não há muito tempo para estar em casa, convém que aquele que lá se passa seja desfrutado ao máximo, com o auxílio de pequenos confortos, como é o caso do cheirinho que mais apreciamos. Efetivamente, é cada vez mais usual aromatizar os ambientes, até porque o mercado tem apresentado uma oferta crescente de alternativas.
As velas de cheiro fazem parte deste sortido. Existindo em diversos formatos, cores e fragrâncias, elas integram já o domínio da moda e, em muitos lares, a rotina quotidiana. Há quem, chegando do trabalho, não prescinda de acender uma vela destas para relaxar, por exemplo. Contudo, o cheiro delicioso que emanam esconde, na verdade, um perigo iminente. A cera das velas contém hidrocarbonetos que, ao serem queimados, libertam dióxido de carbono, sendo que o maior ou menor poder intoxicante depende da fonte destes hidrocarbonetos.
As velas produzidas industrialmente são, geralmente, feitas à base de parafina, que é um derivado do petróleo. Deste modo, parece lógico que cheirar uma vela a abrasar com parafina é o mesmo que estar a respirar o produto de um escape de automóvel em casa… Em acréscimo, a cera a arder liberta onze toxinas, duas delas (o tolueno e o benzeno) cancerígenas. Aquela mancha preta que se forma é, exatamente, fuligem. Na prática, está-se a fumar passivamente a vela! Outro problema diz respeito ao pavio. Nalguns países, este é produzido com chumbo, uma substância venenosa que nunca chega a sair completamente do organismo, mas que rende lucros mais avultados.
Não obstante, há velas feitas com cera de abelha, e estas são 100 por cento naturais. Resultam dos favos de mel e são as mais caras do mercado. Há que salientar que têm uma duração três vezes superior às de parafina e duas relativamente às de cera de soja (recurso renovável, que liberta menos fuligem do que a parafina e possui um queimar mais lento, constituindo uma solução intermédia).
A consciência ecológica já chegou ao universo das velas! As velas “verdes”, de vegetais ou de cera de abelha estão a tornar-se mais populares entre os consumidores com preocupações pela Casa Comum. O óleo de palma, o arroz e a soja são ingredientes muito usados, tal como o algodão cru para os pavios. Trata-se de respostas menos prejudiciais (porque livres de parafina e de quaisquer minerais secundários provenientes de petroquímicos), que não exalam toxinas e não poluem o ar que se respira.
Existem velas com perfumes para todos os fins possíveis e imaginários. Os aromas podem servir como calmantes, anti-depressivos, auxiliadores da concentração, purificadores, estimulantes, descongestionantes, desinfetantes, antissépticos, analgésicos, anti-espasmódicos, etcétera. Há também quem não dispense um banho “romântico”, espalhando velas pela casa de banho. Cuidado para que alguém que lá entre não pense que se trata de um velório…!
A propósito, os egípcios até desenvolveram a aromaterapia, actualmente tão em voga. Todavia, e como foi já referido, é preciso ter cautela com as escolhas que se fazem, pois nem todas as velas de odores são uma ideia luminosa!