rua-direita rua-direita publicou: Será que é uma refém dos padrões de beleza
Muitas mulheres são, hoje em dia, reféns dos padrões de beleza impostos pelas revistas, pelo cinema, pelos outdoors e pela televisão que decretam as medidas femininas perfeitas: 86-60-86. Muitas adolescentes e mulheres adultas sofrem, literalmente, porque não conseguem atingir o corpo perfeito, nem as formas perfeitas (assim consideradas por outrem). Os homens parecem resistir mais a esta obsessão com a estética corporal e muitos dos que estão acima do peso certo chegam mesmo a afirmar que se sentem em forma, ao contrário de muitas mulheres que, possuindo o peso ideal para a sua estatura, acreditam que estão «gordas» e que precisam de iniciar uma dieta restritiva ou exercício físico mais árduo. Esta peculiaridade, que revela total incapacidade para fazer uma correta avaliação do aspeto do próprio corpo, chama-se dismorfia corporal.

Há que, em primeiro lugar, ter consciência de que as modelos que desfilam nas passerelles pertencem a um tipo físico restrito e que, por razões fisiológicas (herança genética, metabolismo favorável, etc.) ostentam aquele aspeto típico, mas que não tem de ser considerado o mais bonito ou agradável. Quer isto dizer que pouco ou nada se pode fazer para moldar o corpo de forma espartana e para o submeter a um outro biótipo. Se os pais da mulher que deseja ser alta, loura e esbelta, apresentarem baixa estatura, forem morenos e com tendência natural para engordar, então será loucura encetar uma batalha na clínica de cirurgia estética.

Por outro lado, há que considerar o que é que faz um ser humano verdadeiramente feliz: será a família, os amigos, a realização profissional, os filhos ou, única e simplesmente, o físico? Apesar de constituir uma parte da vida a que se deve dedicar alguma atenção, o físico não pode sobrepor-se, de forma alguma, a todos os outros quadrantes da vida que são igualmente (e alguns ainda mais) cruciais para o pleno desenvolvimento do ser humano. Há, também, que ter cautela com os efeitos negativos que algumas mães estarão a passar para as suas filhas que começam a traçar uma imagem negativa de si mesmas, ao nível físico e que começam a enveredar por caminhos perigosos, como o da bulimia ou o da anorexia. Saliente-se, ainda, que o sexo feminino alcançou importantes conquistas no último século ao nível da sua emancipação face ao homem, tornando-se mais livre e poderoso. Mas o espartilho dos requisitos mínimos da beleza numa mulher tem-na tornado cada vez mais prisioneira de algo absolutamente virtual: a imagem.

Pense, pois, duas vezes, ao olhar-se ao espelho: se o seu marido lhe repete infatigavelmente que está bonita, será que não é mesmo verdade?