
O veleiro é, por assim dizer, um barco com a Matemática “à flor da pele”, ou melhor, “à flor da vela”. Efectivamente, os triângulos e quadrados que compõem o velame são meticulosamente calculados e cortados.
De outro modo, a deriva seria o destino mais clarividente e, como diz o ditado: «
Barco sem rota certa não tem vento de feição».
Diz-se que as primeiras embarcações à vela surgiram nas proximidades do Mar Mediterrâneo, uma actividade exigente, mas com os gregos, e posteriormente os romanos, a fazerem uso de velas ainda toscas, que aproveitavam mais o vento a favor.
Tendo sido superado como meio de transporte pelo barco a vapor, o veleiro sobreviveu nas áreas do lazer e do
desporto. Trata-se de uma embarcação que não goza da virtude da constância. Na verdade, apesar de ágil, a sua velocidade e a facilidade de se manobrar dependem do vento.
É certo que, por outro lado, não tem ruído de motor que incomode tímpanos mais sensíveis ou nervos fragilizados, que possibilita percorrer grandes distâncias, que exige pouca manutenção, que é activo, emocionante e participativo, sobretudo na parte em que proporciona um mensurável exercício físico. Praticar esgrima com o vento por meio de velas é sempre aliciante.
É, verdadeiramente, o “dois em um”.
Todavia, gostar de velejar é essencial mas não suficiente para se adquirir um veleiro. O ideal é começar por alugar ou sair em veleiros de amigos, para aferir acerca da própria adaptação ao barco, não se vá alguém “ver grego” para o manusear.
Depois, é fundamental avaliar as condições pessoais e/ou familiares, os objectivos, o tempo e o(s) lugar(es) de permanência, etcétera, porque não adianta ter um veleiro muito sofisticado se ele não se coadunar com as necessidades. Neste caso, seria palco de uma moderníssima versão do «Auto da Barca do Inferno»…