
Lembro-me perfeitamente da primeira vez em que conduzi um carro sozinha, por incrível que pareça já passaram dez anos.
Tal como a maioria dos jovens, não via hora de fazer 18 anos para poder tirar a carta de condução. A parte teórica, apesar de ser uma verdadeira “seca” lá a consegui fazer sem nenhuma dificuldade, embora confesse que existem certas matérias que não têm nenhum fundamento de se aprender.
As aulas de condução também não foram conflituosas e depressa as despachei. Logo na primeira aula, o meu instrutor deixou-me dirigir o carro e eu senti-me a pessoa mais importante do mundo. O pior foi aquando do exame de condução, que me pressionavam constantemente para “pagar” a carta e eu inocentemente não acendi, como tal, já era mais do que sabido que me iriam reprovar injustamente, o que aconteceu.
Recordo-me que estupidamente deve ter sido dos dias em que mais chorei na vida. Mas ganhei forças e lá fui de novo. Consegui passar e comecei logo a meter-me em aventuras com um carro que o meu padrinho me tinha oferecido, o meu fantástico Renault 5 vermelho.
Da primeira vez que peguei nele, deixei-o ir abaixo frequentemente e já stressada, evitava parar nos semáforos, sim confesso, passei alguns sinais vermelhos, mas a verdade é que se parava o carro, não sabia controlar e lá ia abaixo. Foi uma verdadeira aventura e o que me parecia ser difícil, depressa se tornou uma coisa inata, em que deixei de pensar, hoje meto mudanças de forma quase inconsciente, como se fizesse parte de mim.
Todos os dias lá ia eu a caminho da faculdade, dando boleia a mais 4 colegas. Nunca vou esquecer os bons momentos que passámos no meu R5. O mais hilariante era quando a manete das mudanças saltava e lá andava tudo de cabeça baixa à procura dela. Já para não falar de quando a porta bagageira abria sozinha, sempre que ultrapassava os 100 quilómetros/hora. Sim, porque aquele carro chegou a atingir os 150 kms/h, embora ainda haja quem duvide.
Entretanto, quando me comecei a sentir mais confiante na condução, comprei um Citroen Saxo e lá me desfiz do meu R5. Com este novo carro era diferente, sempre muito cuidadosa com receio de o estragar, porém apanhei grandes sustos nele, tendo-me despistado por cinco vezes. Farta de tantos despistes e totalmente desiludida com o carro, comprei o carro que tenho agora, um Renault Clio. Faz um ano desde que fiz esta aquisição e tenho a dizer que estou muito contente, nunca me deixou ficar mal.
Apesar de já ter 11 anos, é um carro de confiança e certamente não o irei trocar tão depressa. É certo que não é um “maquinão”, mas também não é isso que procuro num carro. Para mim, um automóvel tem que nos servir bem, sem que nos faça escravos dele. Seria inconcebível para mim ter um carro que me fizesse ter que perder tempo com cuidados, é verdade que sou desleixada e que me esqueço de encher os pneus de ar, de verificar o óleo, de meter água no limpa pára-brisas, mas adoro o meu carro e não o trocaria por nada. Bem, trocaria-o pelo carro dos meus sonhos, aquele carro que me corta a respiração e que me faz pensar em ir contra as minhas regras e quem sabe pedir um empréstimo para o comprar…
Até agora estou a ser forte e sei que não devo ficar escrava de um carro, muito menos que devo contrair uma dívida para concretizar um capricho. Confesso novamente: sou apaixonada pelo Mini Cooper… Mas também quem não o é?!