
O cão de água português, desde tempos imemoriais aliado dos pescadores, viu a sua existência em risco em meados do século XX – apenas sobreviviam algumas dezenas de animais –, altura em que as modernas técnicas de pesca o tornaram dispensável nas fainas piscatórias. Desde então, encetaram-se esforços para proteger esta raça classificada como nacional e, hoje em dia, a situação já foi controlada e a sobrevivência da espécie assegurada. Actualmente, o cão de água português está a ser treinado e reaproveitado como cão de trabalho, de busca e salvamento em mares e rios.
As origens deste simpático cão parecem apontar para a época romana, em que existem registos escritos dando conta de um «canis leo» ou «canis piscator» que era usado na pesca a ocidente da Península Ibérica, em alto mar. O nome, «canis leo» está, aliás, intimamente relacionado com o aspecto leonino destes cães de forte pelagem, que era rapada na zona posterior, de forma a permitir-lhes nadar melhor e a apanhar os peixes com maior eficiência. Os registos históricos portugueses deste cão estão relacionados com a época dos Descobrimento, em que serviam de fiel companhia durante as viagens marítimas – eram mensageiros, ficando encarregues de transportar mensagens urgentes entre navios e não hesitavam no momento de se atirarem borda fora para recuperarem algum objecto (ou pessoa) que tivesse caído ao mar.
Durante centenas de anos, foram também companhias assíduas dos pescadores artesanais portugueses, e encontravam-se com facilidade ao longo de toda a costa portuguesa. No início do século XX, com o advento de inovadoras técnicas de pesca, mais industriais, a necessidade do cão de água foi, gradualmente, desaparecendo e, com ela, a efectiva existência destes cães que, a dada altura, já só subsistiam na costa algarvia. Mas, tal como já foi referido, a situação reverteu-se e, actualmente, é uma raça bastante requisitada para a esfera da busca e salvamento, mas também doméstica. Este cão de 40 a 56 cm de altura, de 16 a 25 kg de peso, com forte e espessa pelagem (ondulada ou encaracolada) revela ser um óptimo companheiro para crianças, brincando com elas como se também de uma se tratasse. Possui um temperamento dócil, brincalhão e fiel, se bem que algo teimoso. Talvez tenham sido estas qualidades que atraíram o Presidente norte-americano Barack Obama e que o levaram a adoptar um exemplar desta raça, precisamente para integrar a família e servir de leal companheiro às suas filhas.
Aproveite o fim-de-semana e viaje até ao Algarve, onde pode visitar o Canil da Ria Formosa que se encarrega de criar e proteger esta espantosa e amigável raça canina.