
As qualidades reconhecidas como cão de companhia e a aptidão para trabalhos no mar, estão a reforçar a imagem do cão d'água português, e a dar-lhe um papel de destaque e cada vez mais na moda. Também para isso contribuiu o facto desta raça ter ganho a corrida ao lugar de mascote presidencial dos Estados Unidos. O que é certo é que a procura aumentou drasticamente nos últimos tempos.
Todos sabemos que uma moda é uma tendência, algo passageiro e mutável, muitas vezes cíclica. E não é a primeira vez que o cão d’água está na moda.
É de conhecimento geral que estes cães foram companhia dos marinheiros que partiam em busca de novas terras, por alturas das descobertas. Por essa altura tinham a função de mensageiros, fazendo o transporte de mensagens entre as naus.
Mais tarde, e durante muito tempo, o cão d’água foi utilizado como auxiliar dos pescadores em quase toda a costa portuguesa. Era uma presença constante e indispensável nas traineiras de pesca, pela sua capacidade natural em mergulhar e nadar: durante o dia, apanhava o peixe que escapava das redes; rodeava-as para impedir fugas de pescado; recuperava objectos que caiam ao mar; salvava homens de morrerem afogados nas águas agitadas; transportava mensagens e objectos entre os barcos e terra; puxava as cordas que prendiam as embarcações aos portos. E durante a noite, guardava os barcos e os instrumentos de pesca. Por estas razões sempre foi considerado o mais fiel amigo do homem do mar.
Estava de tal modo integrado e a sua importância era tal que, como qualquer pescador, tinha direito a um quinhão do peixe pescado e a um quarto do soldo diário. O que ganhava servia para o seu sustento – era entregue à responsabilidade de um dos pescadores, que tinha obrigação de cuidar dele. A amizade era tal que nunca eram vendidos, mas oferecidos – como sinal de que não tinham preço.
Porém, o desenvolvimento tecnológico e a força do progresso, fizeram com que o cão d’água deixasse de ser necessário, pois as suas aptidões deixaram de ser utilizadas. Isto fez com que o seu número diminui-se drasticamente, tendo mesmo sido considerada uma raça em vias de extinção.
É um cão único no mundo devido a algumas características físicas que o tornam especial: possui membranas interdigitais que lhe permitem nadar com muita facilidade, utilizando os quatro membros e consegue efectuar apneia.
A estas características junta-se o seu temperamento dócil: é muito meigo e inteligente, afectuoso, alegre, leal, obediente, afável e muito activo; Aprende muito rápido e é um bom cão de guarda. É uma das raças que melhor se relaciona com crianças, por serem propensos à brincadeira e porque protegem sem serem agressivos. São de uma dedicação extrema. Além disso, é uma raça hipoalérgénicos, não provocando tantas alergias quanto as outras raças.
Quanto a si, caro leitor, não sei… mas quanto a mim, e depois de ter conhecido mais profundamente o cão d’água, espero que o gosto por esta raça tão especial nunca mais passe de moda.