rua-direita rua-direita publicou: Adopte um animal de estimação
Possuir um animal de estimação está, por assim dizer, na moda. Sobretudo de há uns anos a esta parte, é muito in passear ou exibir de qualquer outra forma um ente do reino animal, num desejo quase incontido de que o elogiem e, quiçá, até cobicem. Porém, em muitos casos, a necessidade de insuflação do ego e de ter um emissor, que é simultaneamente destinatário, de afeto sobrepõe-se aos interesses e precisões do próprio bicho, que pode, inclusive, ser esquecido ou abandonado quando cuidar dele se revela impeditivo para a realização de intentos tidos, porventura, como mais importantes.

Ao optar pela “adoção” de um animal de estimação, a não ser que se trate de uma borboleta, cuja duração média de vida ronda os três dias, sabe-se que se está a assumir uma responsabilidade a longo prazo e que, por uma questão de respeito a si próprio e à vida daquele que se elegeu para companheiro, há que cumpri-la pelo tempo que durar a relação, não rejeitando os eventuais sacrifícios que tal exija.

Os animais, frequentemente maltratados por autênticos campeões de um indescritível “egoísmo de estimação”, têm dado mostras de utilidade muito para além das tradicionais funções que lhes eram universalmente reconhecidas. A hipoterapia, por exemplo, apresenta o cavalo como um eficaz terapeuta de pessoas com deficiência, detentor de uma paciência que ainda não havia sido completamente explorada. Os cães-guia aportam aos cegos uma autonomia jamais imaginada com outro recurso. E tudo isto sem pedir nada em troca! Os seres humanos teriam bastante a aprender com as criaturas de quatro patas, em termos de gratuidade, fidelidade, apreço, incondicionalidade…

Enquanto que os indivíduos ditos racionais se debatem e regateiam por coisas ínfimas, os supostamente irracionais dão, muitas vezes, a própria vida por aqueles que estimam. Nomeadamente os cães, absorvem e comungam dos estados de espírito dos seus donos. Alguns chegam mesmo a morrer de desgosto quando estes desaparecem.

Se o objetivo for a pancada ou arranjar um bode expiatório, o melhor é não adquirir um animal de estimação; comprando um saco de boxe ou uma almofada de stress consegue-se o mesmo efeito sem provocar sofrimento. Pois é, os bichos também sentem! E comunicam através de ternos e suplicantes olhares. Como ficar indiferente aos olhinhos que eles lançam?...

Para quem reúna condições logísticas e sinta afeição, os animais de estimação podem constituir uma ajuda valiosa e uma companhia inestimável. Veja-se o que eles contribuem para a sublimação da solidão de idosos e doentes, ou como participam na educação das crianças. Na verdade, estão sempre prontos a cooperar no que quer que diga respeito ao lar onde habitam.

Às vezes são meio desajeitados, mas tudo o que procuram é a atenção de um dono de estimação!