
À famosa expressão «comer com os olhos», podia acrescentar-se outra não menos verdadeira: «O cérebro também come». Efetivamente, aquilo que se ingere afeta diretamente o desempenho cerebral. Está cientificamente comprovado que os nutrientes adequados estimulam a inteligência, melhoram o humor, favorecem a estabilidade emocional, aguçam a memória, fortalecem a concentração, facilitam o raciocínio e… contribuem para manter a mente jovem.
Pensar é um processo químico. Os neurónios comunicam entre si através de sinapses, com intervenção de mensageiros – os neurotransmissores. Estes são constituídos por aminoácidos, substâncias existentes nas proteínas, isto é, em alimentos como a carne, o peixe e os laticínios. Os sais minerais e as vitaminas são necessários para que os aminoácidos se transformem em neurotransmissores. Os principais mensageiros do cérebro são três: a acetilcolina, a dopamina e a serotonina. A acetilcolina é a que punge os neurónios, estando relacionada com a capacidade de memória, mas igualmente implicada nos movimentos voluntários dos músculos e na inibição comportamental. É fornecida pelos amendoins, vegetais como os brócolos e a couve-flor, gema de ovo, carne, peixe e queijo.
As gorduras também funcionam como mensageiros, regulando o sistema imunitário, a circulação sanguínea, os processos inflamatórios e o humor. De todas as gorduras, os ácidos gordos ómega 3 são os essenciais à prestação do cérebro. A sua carência pode conduzir a depressões, perda de memória, dificuldades de aprendizagem, hiperatividade com défice de atenção e outros problemas a nível mental. O DHA, talvez o mais conhecido dos ácidos gordos, é produzido pelo organismo, encontrando-se, de igual modo, no leite materno e nos peixes gordos (salmão, sardinha, cavala, atum, bacalhau, …). O ALA, outro ácido gordo, não existe naturalmente no organismo, sendo necessário obtê-lo a partir, sobretudo, de óleos vegetais, como o de girassol ou de soja.
A saúde cerebral inclui ainda o consumo de proteínas (presentes na carne, peixe, queijo, etc.), usadas para fabricar neurotransmissores, que influenciam o desempenho mental, e hidratos de carbono (fruta, vegetais, cereais), cujos efeitos se refletem positivamente no humor e bem-estar, uma vez que interagem com a serotonina.
De salientar que o cérebro também precisa de andar bem irrigado. É a água que transporta os nutrientes e elimina as toxinas. E, à semelhança de qualquer outro órgão, o cérebro tem de estar hidratado. Do seu grau de hidratação depende o estado de alerta mental e de concentração. Dois litros de água por dia (oito copos) é a quantidade recomendada.
Em suma, para lograr uma memória de elefante, há que incluir na alimentação peixes gordos (que possuem ómega 3), ovos (especialmente a gema – vitaminas do complexo B), frutos e vegetais amarelos (como o pêssego e a cenoura – vitaminas A, C e E, zinco e selénio), frutos vermelhos e vegetais verdes (antioxidantes), cereais integrais e leguminosas (ácido fólico, vitamina B6 e hidratos de carbono), azeite (rico em gorduras mono-insaturadas e vitamina E), carne e queijo (proteínas) e água em abundância.