Televisão – De uma Sensação a Outra
Lembro-me que aos sábados de manhã acordava cedo e ficava à espera que desaparecesse a mira técnica para dar lugar aos desenhos animados, no entanto depois que começava a emissão, também os meus olhos não saíam do ecrã, e ria até com a publicidade que achava engraçadíssima.
A sensação que causava era fantástica e era difícil quando as crianças tinham que se deitar à hora do Vitinho… e então eu não via mais nada… que dificuldade esperar até ao outro dia…
Hoje, o tempo é outro, as coisas mudaram, e quando as crianças nascem, já há televisão em casa, muitas são mesmo educadas por ela, daí que falta aquele calor humano nas pessoas dos nossos dias… hoje não se tem que esperar pela televisão, ela está lá as vinte e quatro horas do dia, ela está lá, quer precisemos dela ou não, hoje as publicidades já não têm graça e temos um comando que muda de canal com a maior das facilidades logo que chega ao intervalo… Hoje perdemos a paciência para esperar, e se embora de dois canais tenhamos passado a dispor de uma infinidade, muitas vezes temos que virar as costas e ir embora porque não está a dar nada com interesse.
Naqueles tempos parávamos para ver o telejornal, hoje os boletins noticiosos são tantos e transmitem tão pouco quanto o muito que procuram causar sensação através de tantas coisas que não correspondem às realidades vividas…
Hoje temos muitos meios… perdemos a “magia”… mas a caixa está lá, e podemos escolher o que ver dentre o leque alargado de oportunidades, podemos gravar e ver mais tarde… somos afortunados pela quantidade de tecnologia de que dispomos… mas precisamos voltar ao tempo em que a família se reunia em volta de um mesmo programa… a sensação que me causa é que hoje uma casa tem várias televisões, e cada elemento das famílias vê o seu programa, e a cada dia que passa as pessoas vão se tornando robots autónomos que esquecem que fazem parte de um todo que deve estar unido em volta de objetivos comuns…