É saudável viver a tristeza
Em acréscimo, não é fugindo da tristeza ou das coisas más que se as ultrapassa ou resolve. Andar de cara aparentemente alegre e fingir que se está no pico das forças, para além de uma desonestidade básica relativamente ao próprio “eu”, consubstancia um agravamento do problema, uma vez que se está a tentar ignorá-lo. Portanto, saber viver a tristeza sem evasões é meio caminho andado para a solução.
Numa sociedade em que se despreza a fraqueza e a incapacidade de estar “sempre bem”, em que é obrigatório produzir de forma constante, independentemente do que nos acometer ou afectar, em que, aconteça o que acontecer, tem de se andar para a frente, e em que a felicidade se mede pela quantidade de sorrisos amarelos, quantas vezes ensombrados pelo castanho das olheiras em que ninguém parece reparar, não há lugar para os sentimentos. Todavia, e não obstante toda a pressão social para que nos convertamos em máquinas, as emoções são-nos intrínsecas e não podem ficar aprisionadas, sob pena de a sua repressão originar patologias mais ou menos graves. Elas têm mesmo de ser exprimidas, de sair, de transmitir a sua mensagem. Para tal, é possível que seja preciso parar, interromper uma função mais produtiva e dedicar-se à introspecção. É na medida em que nos tornamos pessoas mais conscientes que vamos alcançando uma panóplia mais ampla de estratégias para ir superando o que vai ocorrendo.
Assim sendo, a tristeza não tem de ser evitada, abolida ou depreciada. Ao invés, sendo um estado de alma como outro qualquer, precisamos dela e temos de aprender a aproveitar os seus benefícios para crescer e amadurecer emocionalmente. O sofrimento pode ser vantajoso, pela capacidade de reflexão com que nos dota, pelos ensinamentos que aporta e pelos ajustamentos psicológicos individualizados que permite.
Será importante, em variadas ocasiões, chorar para exteriorizar o que se está a sentir verdadeiramente, num espaço de intimidade consigo mesmo. Em acréscimo, o aflorar das sensações mais negativas pode ser o mote para escrevê-las ou conversar sobre elas com alguém. Uma visão imparcial dos acontecimentos é, invariavelmente, mais real. O objectivo fundamental não é eliminar a tristeza, mas arranjar rituais simples para que a tristeza não nos elimine a nós!
Comentários ( 1 ) recentes
- Marcelo
18-02-2011 às 15:05:57o seu texto só falou a verdade,tem horas que a dor é tão grande que parece que quebramos os nossos corações...e o ar nos falta....mais o meu lema é desistir nunca retroceder jamais...só que as vezes falta força...primeiro se aprende que somos fortes e qdo enxergamos o qto somos ou podemos ficar fraco ,vc acha que tudo pode ou nao ser mentira ou nao passar de uma mera ilusão.
¬ Responder