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Tanto que eu não te disse

Categoria: Outros
Tanto que eu não te disse

Tanto, tanto, tanto que eu não te disse...

Deixo aqui mais uma vez um excerto de um manual meu, já com, pelo menos, meia dúzia de em cima... mas sempre atual e applicável...

Os anos passam sem que nos apercebamos e o tempo vai-nos fugindo por entre os dedos.

Somente quando alguém que nos é querido ou próximo falece, ou quando descobrimos que algum familiar, amigo ou que nós próprios estamos gravemente doentes, é que nos apercebemos do quanto a vida é breve e o quanto ligamos a coisas mínimas e sem importância.

Então, pensamos no quanto poderíamos ter aproveitado se tivéssemos agido de outro modo, nas coisas que ficaram por dizer, em tudo o que poderíamos ter feito e não fizemos (por falta de tempo, de negligência, de dinheiro, de disponibilidade, ou até mesmo por preguiça ou inércia…).

A vida é demasiado curta para nos prendermos a mesquinhices, ao “diz que disse”, a intrigas, invejas, maus humores ou rancores.

O tempo urge e nós envelhecemos sem saber no que ocupamos o tempo. Perdemos a infância dos nossos filhos, os seus primeiros passos, a sua primeira palavra, o cair do seu primeiro dente, o seu primeiro dia na escola, a sua primeira namorada, a sua primeira saída….

Enquanto isso, trabalhamos sem fim para um patrão que muitas das vezes nem sequer conhecemos… Afastamo-nos dos nossos conjugues, isolamo-nos dentro de nós, inconformados com a nossa sorte e ainda assim nada fazendo para mudá-la e a vida vai passando, cada vez mais rápida e nós cada vez mais ocos, vazios, podres, secos…

Tudo é demasiado breve, nada se recicla, tudo se transforma. É importante que aproveitemos cada minuto, com a consciência de que poderá ser o último, de que jamais se repetirá, de que nada tem retorno. É difícil aceitar, mas mais difícil será um dia alguém partir sem que lhe disséssemos o quanto o amávamos, ou que ao fecharmos os olhos pela última vez, nada levemos no peito senão frustração, dor, mágoa, rancores, stress, energias negativas que um dia nos isolaram de quem nos rodeou, a quem amámos e a quem odiámos … em vão…
In Cada livro um Pensamento, de Susana Farias


Susana Farias

Título: Tanto que eu não te disse

Autor: Susana Farias (todos os textos)

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Autobiografia de Alice B. Toklas, de Gertrude Stein, pela primeira vez em Portugal

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Tema: Literatura
Autobiografia de Alice B. Toklas, de Gertrude Stein, pela primeira vez em Portugal\"Rua
Gertrude Stein foi uma escritora de peças de teatro, de peças de opera, de ficção, de biografia e de poesia, nascida nos Estados Unidos da América, e escreveu a Autobiografia de Alice B. Toklas, vestindo a pele, e ouvindo pela viva voz da sua companheira de 25 anos de vida, os relatos da historia de ambas, numa escrita acessível, apresentando situações caricatas ou indiscretas de grandes vultos da arte e da escrita da sua época. Alice B. Toklas foi também escritora, apesar de ter vivido sempre um pouco na sombra de Stein. Apesar de ambas terem crescido na Califórnia, apenas se conheceram em Paris, em 1907.


Naquela altura, Gertrude vivia há quatro anos com o seu irmão, o artista Leo Stein, no numero 27 da rue de Fleurus, num apartamento que se tinha transformado num salão de arte, recebendo exposições de arte moderna, e divulgando artistas que viriam a tornar-se muito famosos. Nestes anos iniciais em Paris, Stein estava a escrever o seu mais importante trabalho de início de carreira, Three Lives (1905).


Quando Gertrude e Alice se conheceram, a sua conexão foi imediata, e rapidamente Alice foi viver com Gertrude, tornando-se sua parceira de escrita e de vida. A casa, como se referiu atrás, tornou-se um local de reunião para escritores e artistas da vanguarda da época. Stein ajudou a lançar as carreiras de Matisse, e Picasso, entre outros, e passou a ser uma espécie de teórica de arte, aquela que descrevia os trabalhos destes artistas. No entanto, a maior parte das críticas que Stein recebia, acusavam-na de utilizar uma escrita demasiado densa e difícil, pelo que apenas em 1933, com a publicação da Autobiografia de Alice B. Toklas, é que o trabalho de Gertrude Stein se tornou de facto reconhecido e elogiado.


Alice foi o apoio de Gertrude, foi a dona de casa, a cozinheira, grande cozinheira aliás, vindo mais tarde a publicar algumas das suas receitas, e aquela que redigia e corrigia o que Gertrude lhe ditava. Assim, Toklas fundou uma pequena editora, a Plain Editions, onde publicava o trabalho de Gertrude. Aliás, é reconhecido nesta Autobiografia, que o papel de Gertrude, no casal, era o de marido, escrevendo e discutindo arte com os homens, enquanto Alice se ocupava da casa e da cozinha, e de conversar sobre chapéus e roupas com as mulheres dos artistas que visitavam a casa. Depois da morte de Gertrude, Alice continuou a promover o trabalho da sua companheira, bem como alguns trabalhos seus, de culinária, e um de memórias da vida que ambas partilharam.


Assim, este livro que inspirou o filme “Meia noite em Paris”, de Woody Allen, é um livro a não perder, já nas livrarias em Portugal, pela editora Ponto de Fuga.

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Liliana Félix Leite

Título:Autobiografia de Alice B. Toklas, de Gertrude Stein, pela primeira vez em Portugal

Autor:Liliana Félix Leite(todos os textos)

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