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Sobre amores e dores

Categoria: Outros
Sobre amores e dores

Ela se sentia devastada. Finalmente conseguia entender o que os poetas queriam dizer quando exprimiam sentir dor tão forte, que chegava a ser física. Tentara chorar a princípio. Tolo e vão esforço. Afinal, era preciso tristeza para se chorar. E ela só sentia o vazio. Na verdade, ela não sentia. E essa falta de palavras que dessem conta do que se apossava de seu ser, só a fazia ficar cada vez mais perdida dentro da escuridão que nela habitava.

Tudo acabado. Onde estavam as juras de amor eterno? Para onde teriam ido os planos acalentados com tanto enlevo para o futuro? Tudo ilusões. Areia. Pó. Nada. Por que os seres humanos insistem em acreditar em quimeras? Em construir castelos de areia, frágeis, derrubados à primeira onda – às vezes à primeira brisa?

Ela poderia ter discutido. Gritado. Batido. Exacerbado sua dor e frustração tentando, de alguma forma, compensar o despedaçamento que sentia. Mas, no fundo, sabia que isso não seria suficiente. Talvez servisse para aplacar a Fera do Desgosto, mas apenas por um tempo. Ela ficaria quieta, à espreita, apenas esperando uma nova oportunidade para escapar e destruir. E ela já tinha destruição demais em sua vida para continuar a acumular mais destroços e cacos afiados.

Ela poderia ter se vingado. Feito o mesmo. Escondido. Encoberta. Só por ela sabido. Ter nos lábios o gosto da vitória por saber poder infligir no outro o mesmo desgosto, a mesma mágoa, o mesmo rancor que agora a consumia lentamente. Mas ela também já provara deste fel. E só lhe restara pesar e arrependimento pelo líquido ardente que, ao ferir o outro, também a deformava.

Ela poderia ter aceitado. Por que não? Colocado uma pedra em cima. Deixado que virasse passado. Uma a mais dentre as tantas lembranças amargas que conservara ao longo dos anos, para ser revista nos baús da memória apenas de relance, e novamente encoberta e escondida. E ela bem que tentara. Não seria mais fácil? Fingir que nada acontecera e continuar com a vida? Deveria ser a solução mais simples.

Deveria. Mas não foi. Assim como a Fera do Desgosto, a Fera da Insegurança falara mais alto. E se se repetisse? E se estivesse se repetindo agora? E se não tomara a decisão correta? E se estivesse sendo impiedosamente enganada? E se seu infortúnio íntimo fosse a chacota do público, ciente – até por demais – do que deveria ser só seu, privado?

E se, e se, e se, e se ... e se esvaíra-lhe o sono. E já não lhe incomodava a fome. E já pouco sentia o toque do frio, o calor do sol, a firmeza do chão. E já não era mais ela. Era o Monstro – ou os monstros – carnívoro, faminto, criando e alimentando pensamentos irracionais e doentios, a circular de forma incoerente e desconexa na cena de sua tela mental. Por certo, enlouqueceria. Sofrimento, eis o nome do seu novo algoz.

E então ela partira. Não com grito. Não com quebra. Não com palavra acre, usada mais para retalhar do que para exprimir. Não com o descontrole. Não com o choro, a dor escorrendo em lágrimas e muco. Singela. Simples. Explicada. Partida. Para onde? – Se perguntara ela. Para onde estava indo ela agora que tudo se acabara?

Sabia a resposta, mas esta não a agradava. Afinal, já havia feito esta viagem. Quando o outro transforma-se em nossa metade, no momento que ele se vai, a dor que se sente é a de uma amputação. E há de levar-se um tempo para acostumar-se sem. E, enquanto isso, ela mais uma vez visitaria os recônditos de seu ser. E sabia que lá podia ser escuro. E frio. E muito, muito vazio.

Mas não era a viagem em si que a incomodava. Não. Era a possibilidade – nada remota – de que não conseguisse achar o caminho de volta. Mas, a pergunta era: ela queria achar o caminho de volta? Voltar para que? Para onde? Para a vida que parecia em pedaços? Para a casa vazia e fria? Ou quem sabe para alimentar a vontade insana de voltar atrás? De reabrir a porta. De aceitar a volta. Esquecendo que isso só traria mais dor, e que a felicidade só duraria por breves instantes?

Ela não sabia. E, sem saber, ela seguiu. Por que ela escolhera seu caminho. E de uma coisa sabia: teria que arcar com as consequências de suas escolhas. Todos nós temos. Para onde ela irá? Não sabe também. Mas de uma coisa tem certeza: desta vez, não vai olhar para trás.


Sheila Schildt

Título: Sobre amores e dores

Autor: Sheila Schildt (todos os textos)

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Futuro da Tecnologia, Qual o Limite?

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Tema: Informática
Futuro da Tecnologia, Qual o Limite?\"Rua
Futuro da Tecnologia, Qual o Limite?

Bom, Não é de hoje que tecnologia vem surpreendendo a todos nós com grandes revoluções e os custos que diminuem cada vez mais.
Hoje em dia é comum ver crianças com smarthphones com tecnologia que a 10 anos atrás nem o celular mais moderno e caro do mercado tinha.
Com isso surgiram sugiram vários profetas da tecnologia e visionários, tentando prever qual será o próximo passo.

E os filmes retratam bem esse tema e usam essa formula que atrai a curiosidade das pessoas.
Exemplos:

Minority report - A nova lei de 2002 (Imagem)

Transcendence de 2014

Em Transcendence um tema mais conspiratório, onde um ser humano transcende a uma consciência artificial e assim se torna imortal e com infinita capacidade de aprendizagem.
Vale a pena ver tanto um quanto o outro filme. Algumas tecnologias de Minority Report, como utilizar computadores com as mãos (caso do kinect do Xbox 360 e One) e carros dirigidos automaticamente, já parecem bem mais próximo do que as tecnologias vistas em Transcendence, pois o foco principal do mesmo ainda é um tema que a humanidade engatinha, que é o cérebro humano, a máquina mais complexa conhecida até o momento.

Eu particularmente, acredito que em alguns anos teremos realmente, carros pilotados automaticamente, devido ao investimento de gigantes como o Google e o Baidu nessa tecnologia.

Também acho que o inicio da colonização de Marte, vai trazer grandes conquistas para humanidade, porém grandes desafios, desafios esses que vão nos obrigar a evoluir rapidamente nossa tecnologia e nossa forma de encarar a exploração espacial, não como um gasto, mas sim como um investimento necessário a toda humanidade e a perpetuação da sua existência.

A única salvação verdadeira para humanidade e para o planeta terra, é que seja possível o ser humano habitar outros planetas, seja localizando planetas parecidos com a terra ou mudando planetas sem condições para a vida em planetas habitáveis e isso só será possível com gente morando nesses planetas, como será o caso do Marte. O ser humano com a sua engenhosidade, aprendeu a mudar o ambiente a sua volta e assim deixou de ser nômade e da mesma forma teremos que aprender a mudar os mundos, sistemas, galáxias e o universo a nossa volta.

Espero que tenham gostado do meu primeiro texto.
Obrigado à todos!
Até a Próxima!


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Érico da Silva Kaercher

Título:Futuro da Tecnologia, Qual o Limite?

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