Petrobras - Empresa de Quem?
Estudos apontam que grande parte da população brasileira é contra a ideia de privatização da estatal que hoje concentra boa parte da riqueza nacional - muito bem colocada por Joel Rennó, ex-presidente da Companhia Vale do Rio Doce, como “a pedra mais valiosa da coroa”- seja por impedir altas nos preços dos combustíveis, pela empregabilidade ou por diversos outros motivos. Porém, para que a privatização não seja a melhor opção para uma ascensão da crise, é necessário que o governo cuide melhor de um setor tão valioso com uma reforma na gestão e na administração dos recursos. “O petróleo é nosso”, dizem os nacionalistas.
Um dos maiores exemplos dos efeitos da privatização que pudemos observar foi o caso das empresas de telefonia do Brasil, como a Embratel e a Telebrás. Sem dúvida, sentimos os reflexos disso, afinal, um país que nem ao menos detém suas redes de telecomunicações tem, sem dúvida, metade do controle sobre ele, como pudemos perceber ao sermos espionados pelos EUA sem muitas dificuldades. É visível que apesar dos serviços terem se tornado mais acessíveis, foi muito questionado a queda da qualidade desses e os altos índices de reclamações dos seus consumidores. Hoje, segundo a União Internacional de Telecomunicações, as tarifas no Brasil estão entre as mais caras do mundo, o que facilita (e muito) a formação de cartéis em setores privados que passaram por esse mesmo processo da Telebrás e outras. A Petrobras vem sendo alvo de tentativas de privatização há cerca de 60 anos. “Temos que saber apurar e punir sem enfraquecer a Petrobras. Temos muitos motivos para proteger a Petrobras de seus predadores internos e seus inimigos externos”, afirmou a presidenta Dilma Rousseff, em seu discurso de posse do segundo mandato, em março de 2015 a respeito da resistência contra a privatização.
A Petrobras sofreu diversas tentativas de desestatização, e quase foi dada às empresas estrangeiras, quando no governo FHC , 70 % das ações foram vendidas nas bolsas de Nova Iorque e São Paulo. A partir do início do governo Lula, em 2004, a Petrobras tomou proporções que não imaginávamos, chegando a extrair 300 mil barris por dia, apenas sete anos após a primeira descoberta da região. Com essa dimensão atingida, o atual governo do PT optou pelo modelo de partilha, ao invés de entregar toda a riqueza alcançada para o poder privado de empresas estrangeiras, empregando assim, cerca de 78 mil trabalhadores para a construção e manutenção dos próprios navios e plataformas.
De acordo com o engenheiro e ex-presidente da companhia Vale do Rio Doce, Joel Rennó, mesmo com a venda 33% do capital volante da Petrobrás, não necessariamente significa a privatização da empresa, já que ela ainda conservaria mais da metade do capital volante, o suficiente para assegurar o controle da empresa. Privatizar a Petrobras seria assinar um atestado de incompetência na administração do governo, reafirmando a fragilidade frente a pressão quanto aos interesses estrangeiros, assumindo até a vitória do liberalismo das privatizações, iniciada após a privatização da Vale do Rio Doce, pelo valor ínfimo de R$ 3,3 bilhões, hoje ela está sendo executada pela Receita Federal em R$ 14 bilhões de sonegação fiscal, isso só pelo período da prescrição tributária quinquenal. Se a discussão na mídia for com contraditória e ampla defesa, a opinião publica será não só pela manutenção da Petrobrás e reformulação da administração pública, mas também pela reestatização de muitas empresas privatizadas. Em vista dos argumentos apresentados, diante da crise que a Petrobras sofre hoje após diversos escândalos de corrupção e desvios de dinheiro, um grande questionamento a ser feito é tomar a privatização da estatal como uma possível solução para a crise.
Infelizmente, temos que reconhecer que a Petrobras deixou de ser um exemplo de empresa, um orgulho dos brasileiros, para se tornar uma empresa loteada pela política e sindicatos. Com isso passou a servir de sustento para deputados, senadores e governadores ávidos em enriquecer vendendo seus votos a um governo que a tudo se permite. Com a descoberta do mensalão, os parlamentares partiram para o loteamento de empresas, e não esperavam que o esquema fosse novamente descoberto. Qual seria a melhor solução? Será que esperar que nossa classe política volte a ser patriota seria a solução? Podemos confiar em quem se vende para votar a favor da vontade do governo? Se com o pagamento de propinas os parlamentares fazem o que o governo quer, não seria melhor não pagar propina alguma e mandar todos os parlamentares para casa? Pelo menos não seria necessário vender a maior empresa de capital que o Brasil já conquistou, mas com a
“cleptocracia” do governo brasileiro só vai se transformar em democracia após a venda de todas as empresas públicas.