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O papel cultural das Comitivas de Queima do Alho

Categoria: Outros
Comentários: 2
O papel cultural das Comitivas de Queima do Alho

Queima do Alho é o nome dado à comida do peão de boiadeiro, mas que no contexto cultural abrange mais que a culinária, alargando-se para todo um contexto cultural que engloba importantes manifestações da cultura caipira.

O peão de boiadeiro, sendo um caipira viajante, realizava durante as marchas muitas trocas culturais entre cidades, povoados e fazendas. Nos chamados “pontos de pouso” (que poderiam ser fazendas, pequenos povoados e vilas ou mesmo trechos do estradão) os peões das comitivas boiadeiras interagiam entre si e com a comunidade através de manifestações culturais que se realizavam principalmente em torno do ato de sua alimentação, descanso e lazer.

Devido à dureza do trabalho, era necessário que a comida fosse forte, de sustança, como diz o caipira, para que os peões pudessem aguentar o tranco. O cardápio podia variar de região pra região, mas o básico, o que geralmente não faltava, era o arroz carreteiro, o feijão gordo, a paçoca de carne e o churrasco na chapa. O cozinheiro seguia na frente do grupo (geralmente composta de sete a oito peões) levando as bruacas que eram caixas de couro que guardavam mantimentos e utensílios necessários à preparação da comida.

Como as viagens eram longas, às vezes com duração de meses, além da comida para o corpo fazia-se necessário também alimentar o espírito. Temos então as figuras indispensáveis do violeiro, do contador de causo, do berranteiro, do cantador, do catireiro, etc. Mesmo desempenhando uma atividade profissional das mais penosas, os peões das comitivas boiadeiras já disseminavam a cultura caipira. Além de trabalhadores, sempre foram fazedores de cultura.

Com o fim do ciclo das boiadas, a cultura boiadeira passou a ser representada pelas Comitivas de Queima do Alho que reproduzem o contexto cultural antigo em concursos e eventos culturais e festivos. Temos hoje no interior, e mesmo na capital, centenas de comitivas que se organizam com o intuito de preservar a tradição do peão de boiadeiro. Umas com mais teor cultural, outras com menos, mas todas intimamente ligadas aos costumes e artes dos caipiras antigos que transportavam boiadas.

O peão de boiadeiro é um personagem de grande relevância no imaginário do povo e está presente em inúmeras manifestações culturais na área de abrangência da cultura caipira. Com a americanização do nosso rodeio muitos são levados a confundi-lo com o caubói, mas a confusão é motivada pela ignorância cultural, pois peão é peão e caubói é caubói. Nem precisa ler muito para descobrir que a diferença é muito grande.

O papel das atuais comitivas de Queima do Alho é representar o momento da parada das boiadas nos pontos de pouso. Neste sentido, cada comitiva se comporta como um museu que ao mesmo tempo em que preserva o passado ressignifica o fazer cultural caipira adaptando-o ao mundo moderno.

Participar de uma Queima do Alho, além de gostoso, é importante para o fortalecimento de nossa identidade cultural caipira. Queimemos então o alho!


Luiz Mozzambani Neto

Título: O papel cultural das Comitivas de Queima do Alho

Autor: Luiz Mozzambani Neto (todos os textos)

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Comentários     ( 2 )    recentes

  • Marcos Roberto Pres. CMTV PEMP

    09-03-2015 às 21:51:01

    Primeiramente Boa Noite, Sou Pres. da Comitiva Pula Em Mim Perereca temos 2 anos ai de estrada e gostaria de dizer que temos imensa honra em poder fazer nem que seja só um pouquinho da História ai do Sertão desse mundão Sertanejo representado por diversas Comitivas seja as de larga tradição como as de menos mais todas ligadas em um só proposito que é de não deixar a Cultura morrer que isso é coisa nossa do Brasil e Luiz que belo texto parabéns e nós da Comitiva PEMP temos Orgulho em poder ser seguidores dessa Tradição e o que depender de mim e amigos ela não morre jamais...

    ¬ Responder
  • Luiz Mozzambani NetoLuiz Mozzambani Neto

    11-03-2015 às 20:26:51

    Obrigado pelas palavras e parabéns pelo trabalho da comitiva! Como escritor e pesquisador trabalho na defesa da cultura através das letras mas são vocês com vossas comitivas quem de fato mantém a Queima do Alho! Estamos juntos nesta luta! Abraços!

    ¬ Responder

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Autobiografia de Alice B. Toklas, de Gertrude Stein, pela primeira vez em Portugal

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Tema: Literatura
Autobiografia de Alice B. Toklas, de Gertrude Stein, pela primeira vez em Portugal\"Rua
Gertrude Stein foi uma escritora de peças de teatro, de peças de opera, de ficção, de biografia e de poesia, nascida nos Estados Unidos da América, e escreveu a Autobiografia de Alice B. Toklas, vestindo a pele, e ouvindo pela viva voz da sua companheira de 25 anos de vida, os relatos da historia de ambas, numa escrita acessível, apresentando situações caricatas ou indiscretas de grandes vultos da arte e da escrita da sua época. Alice B. Toklas foi também escritora, apesar de ter vivido sempre um pouco na sombra de Stein. Apesar de ambas terem crescido na Califórnia, apenas se conheceram em Paris, em 1907.


Naquela altura, Gertrude vivia há quatro anos com o seu irmão, o artista Leo Stein, no numero 27 da rue de Fleurus, num apartamento que se tinha transformado num salão de arte, recebendo exposições de arte moderna, e divulgando artistas que viriam a tornar-se muito famosos. Nestes anos iniciais em Paris, Stein estava a escrever o seu mais importante trabalho de início de carreira, Three Lives (1905).


Quando Gertrude e Alice se conheceram, a sua conexão foi imediata, e rapidamente Alice foi viver com Gertrude, tornando-se sua parceira de escrita e de vida. A casa, como se referiu atrás, tornou-se um local de reunião para escritores e artistas da vanguarda da época. Stein ajudou a lançar as carreiras de Matisse, e Picasso, entre outros, e passou a ser uma espécie de teórica de arte, aquela que descrevia os trabalhos destes artistas. No entanto, a maior parte das críticas que Stein recebia, acusavam-na de utilizar uma escrita demasiado densa e difícil, pelo que apenas em 1933, com a publicação da Autobiografia de Alice B. Toklas, é que o trabalho de Gertrude Stein se tornou de facto reconhecido e elogiado.


Alice foi o apoio de Gertrude, foi a dona de casa, a cozinheira, grande cozinheira aliás, vindo mais tarde a publicar algumas das suas receitas, e aquela que redigia e corrigia o que Gertrude lhe ditava. Assim, Toklas fundou uma pequena editora, a Plain Editions, onde publicava o trabalho de Gertrude. Aliás, é reconhecido nesta Autobiografia, que o papel de Gertrude, no casal, era o de marido, escrevendo e discutindo arte com os homens, enquanto Alice se ocupava da casa e da cozinha, e de conversar sobre chapéus e roupas com as mulheres dos artistas que visitavam a casa. Depois da morte de Gertrude, Alice continuou a promover o trabalho da sua companheira, bem como alguns trabalhos seus, de culinária, e um de memórias da vida que ambas partilharam.


Assim, este livro que inspirou o filme “Meia noite em Paris”, de Woody Allen, é um livro a não perder, já nas livrarias em Portugal, pela editora Ponto de Fuga.

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Liliana Félix Leite

Título:Autobiografia de Alice B. Toklas, de Gertrude Stein, pela primeira vez em Portugal

Autor:Liliana Félix Leite(todos os textos)

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