Lembras-te?
Lembras-te de quando corríamos todos juntos, descalços pela calçada?
Lembras-te das brincadeiras despreocupadas que fazíamos por todo o lugar?
Lembras-te de como éramos felizes nesse tempo? Como os dias eram compridos e dava tempo para fazer tudo o que queríamos fazer?
Lembras-te como podíamos deitar tarde e acordar ainda mais tarde sem que ninguém nos criticasse por isso? Foi há tanto tempo…
Hoje não se pode ser miúdo como há trinta anos atrás, hoje as crianças não podem correr livremente pelas ruas sem guarda ou proteção. Hoje podem ser apanhadas por vírus e bactérias que são inventados todos os dias… Hoje estes meninos que andam por aí podem ser encontrados por bandidos pedófilos, ser raptados, exportados, maltratados e mortos… Hoje o tempo passou e o evoluir da tecnologia, da ciência, da pedagogia, e de tantas outras “ias” não consegue defender as crianças indefesas de tanta loucura que anda por aí.
À medida que o tempo passa, à medida que a ciência avança, à medida que determinados vírus vão sendo banidos, vão surgindo outros de muito maiores proporções que não são mais do que as próprias pessoas, más, com intenções devoradoras, capazes de menosprezar tudo o que é bom, tudo o que é puro, tudo o que é digno e capaz, se isso favorecer o seu próprio interesse…
Hoje temos o mundo que nós próprios criámos. Nós, uma geração que brincava tranquilamente na rua, criámos um mundo que rouba essa possibilidade à geração vindoura.
Se todos individualmente fizermos alguma coisa, todos juntos faremos muita coisa, e ainda que muitos não façam nada, isto não é desculpa para fazermos coisa nenhuma. O esforço individual é o que alimenta o conjunto. Sejamos indivíduos sem nunca esquecer que somos sociais, produto de uma sociedade que exige algo de nós. Os nossos antepassados deixaram-nos um legado que não temos sabido levar adiante, mas nunca é tarde para tentar. Nunca é tarde para começar. Nunca é tarde para fazer.