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Escola Secundária Padre António Vieira

Texto escrito nos termos do novo acordo ortográfico.
Categoria: Outros
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Escola Secundária Padre António Vieira

Em meados dos anos 80, numa manhã se sábado, a minha tia levou-me até à sua escola, a pouco mais de cinco minutos da casa da minha avó. Ela estudava lá talvez há um par de anos e, naquele tempo, era habitual haver aulas ao sábado. Foi a primeira vez que entrei nessa escola e, apesar ter alguns corredores escurecidos e cores pouco apelativas, fiquei bem impressionado e quis, quando tivesse idade para isso, frequentar aquela escola, também.

Esse dia veio uns três ou quatro anos mais tarde, quando entrei no meu 8º ano de escolaridade. A primeira semana não foi muito agradável, pois a tradição de “caça” ao caloiro era muito forte e a perseguição era intensa. Foi mais violento e duro ser caloiro na Escola Secundária Padre António Vieira do que na Faculdade de Letras de Lisboa, quando, anos mais tarde, entrei para estudar Arqueologia.

Depois dessa iniciação, os dias entraram na rotina normal, ditada pelo horário das disciplinas. As minhas aulas eram predominantemente de manhã (tal como eu preferia), havendo apenas um dia em que também tinha aulas de tarde. Em compensação da minha liberdade vespertina quase total, tinha ainda quatro horas de aulas ao sábado de manhã.

Era uma escola bem equipada, com ginásios, balneários com duche campos de jogos vários no pátio interior (incluindo pista de salto em comprimento), refeitório com esplanada, biblioteca (mais tarde convertida em mediateca), sala para associação de estudantes com equipamento de som que permitida difundir música no pátio frontal, uma sala multi-usos, laboratórios de física, química e biologia, anfiteatros, sala de desenho, salas para trabalhos oficinais de electrotecnia, trabalho de barro e de têxteis. Mais tarde, também surgiu uma sala para informática.

Estava também concebida para pessoas com deficiências motoras, havendo rampas para de acesso a todos os lugares – exceptuando, se bem me lembro, para as salas de desenho.

O espaço exterior, dentro do recinto da escola, era agradável, amplo e permitia fazer umas boas caminhadas, principalmente nos intervalos maiores, que duravam 20 minutos – havia um no período da manhã e outro à tarde. A maior parte dos jardins e espaços verdes estavam cuidados, embora nalgumas zonas, o mato e as ervas daninhas fossem dominantes.

Os espaços de aula também eram amplos. Talvez apenas os anfiteatros fossem um pouco menos confortáveis, já que o espaço concebido para cada aluno não era muito folgado. Mas, ainda assim, funcionava bem.

A minha ligação àquela escola prolongou-se por nove anos. Repeti dois anos (10º e 11º) porque decidi mudar de área – de Ciências passei para Humanidades. Depois, como tive de cumprir o Serviço Militar, tive de desistir do 12º ano, em regime diurno. Mas voltei, no ano seguinte, para estudar à noite. Finalmente, não tendo conseguido entrar para a Universidade à primeira, frequentei as aulas da noite, mais um ano, para repetir os exames de acesso. À segunda, tive mais sucesso, e despedi-me desta escola, como aluno.

De casa da minha avó vê-se a escola. E sempre que lá ia, sentia-me ainda ligado àquele lugar. Quando concluí o curso de Arqueologia, tentei ir lá falar com algum professor que ainda fosse do meu tempo. Mas os mais velhos estavam já reformados, e os mais novos, com as constantes mudanças de colocação a que estavam sujeitos, não se tinham mantido por lá.

Foi um lugar que não decepcionou as expectativas com que entrei para lá. Conheci bons e maus professores (consoante o talento e as aspirações que tinham para as suas carreiras, também), bons e maus colegas de turma. Guardo boas e más recordações, mas tive o privilégio de conservar alguns bons amigos, até hoje.

Sei que a escola foi submetida a obras, nos últimos anos. Tem um novo edifício, complementando o “velhinho”, demoliram as salas do piso inferior (onde se leccionavam as disciplinas de trabalhos oficinais), transformando-as em arcadas. Na fachada, retiraram as rampas de acesso em cimento (perfeitamente integradas na arquitectura) para colocarem uma monstruosa rampa metálica que choca e descaracteriza o que era uma entrada harmoniosa e até com uma certa nobreza. Por dentro, não sei como estão as salas. No pátio dos campos de jogo também vi que houve mudanças, mas aí, até admito (e espero) que tenham sido para melhor – do que pude observar, por fora, não me deu para fazer um juízo concreto.

Esta já foi uma das melhores escolas de Lisboa, quer pelas suas condições, quer pelos bons resultados que os seus alunos atingiam. Gostava que, hoje em dia, isso voltasse a ser uma realidade, não só para o bem da formação das crianças que por lá passam, mas também em respeito da memória e exemplo da personalidade que dá nome àquele estabelecimento de ensino.


Paulo c. Alves

Título: Escola Secundária Padre António Vieira

Autor: Paulo c. Alves (todos os textos)

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Autobiografia de Alice B. Toklas, de Gertrude Stein, pela primeira vez em Portugal

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Texto escrito nos termos do novo acordo ortográfico.
Tema: Literatura
Autobiografia de Alice B. Toklas, de Gertrude Stein, pela primeira vez em Portugal\"Rua
Gertrude Stein foi uma escritora de peças de teatro, de peças de opera, de ficção, de biografia e de poesia, nascida nos Estados Unidos da América, e escreveu a Autobiografia de Alice B. Toklas, vestindo a pele, e ouvindo pela viva voz da sua companheira de 25 anos de vida, os relatos da historia de ambas, numa escrita acessível, apresentando situações caricatas ou indiscretas de grandes vultos da arte e da escrita da sua época. Alice B. Toklas foi também escritora, apesar de ter vivido sempre um pouco na sombra de Stein. Apesar de ambas terem crescido na Califórnia, apenas se conheceram em Paris, em 1907.


Naquela altura, Gertrude vivia há quatro anos com o seu irmão, o artista Leo Stein, no numero 27 da rue de Fleurus, num apartamento que se tinha transformado num salão de arte, recebendo exposições de arte moderna, e divulgando artistas que viriam a tornar-se muito famosos. Nestes anos iniciais em Paris, Stein estava a escrever o seu mais importante trabalho de início de carreira, Three Lives (1905).


Quando Gertrude e Alice se conheceram, a sua conexão foi imediata, e rapidamente Alice foi viver com Gertrude, tornando-se sua parceira de escrita e de vida. A casa, como se referiu atrás, tornou-se um local de reunião para escritores e artistas da vanguarda da época. Stein ajudou a lançar as carreiras de Matisse, e Picasso, entre outros, e passou a ser uma espécie de teórica de arte, aquela que descrevia os trabalhos destes artistas. No entanto, a maior parte das críticas que Stein recebia, acusavam-na de utilizar uma escrita demasiado densa e difícil, pelo que apenas em 1933, com a publicação da Autobiografia de Alice B. Toklas, é que o trabalho de Gertrude Stein se tornou de facto reconhecido e elogiado.


Alice foi o apoio de Gertrude, foi a dona de casa, a cozinheira, grande cozinheira aliás, vindo mais tarde a publicar algumas das suas receitas, e aquela que redigia e corrigia o que Gertrude lhe ditava. Assim, Toklas fundou uma pequena editora, a Plain Editions, onde publicava o trabalho de Gertrude. Aliás, é reconhecido nesta Autobiografia, que o papel de Gertrude, no casal, era o de marido, escrevendo e discutindo arte com os homens, enquanto Alice se ocupava da casa e da cozinha, e de conversar sobre chapéus e roupas com as mulheres dos artistas que visitavam a casa. Depois da morte de Gertrude, Alice continuou a promover o trabalho da sua companheira, bem como alguns trabalhos seus, de culinária, e um de memórias da vida que ambas partilharam.


Assim, este livro que inspirou o filme “Meia noite em Paris”, de Woody Allen, é um livro a não perder, já nas livrarias em Portugal, pela editora Ponto de Fuga.

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Liliana Félix Leite

Título:Autobiografia de Alice B. Toklas, de Gertrude Stein, pela primeira vez em Portugal

Autor:Liliana Félix Leite(todos os textos)

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