Desesperadamente procurando... Paz
Julgando até os mais ansiosos, há um momento na corrida que a sede exige mais que água.
Paz não se vê mas encontra-se, não tem corpo mas abraça e quando chega, o corpo a ela se encosta e nela preguiça. Há mulheres e homens que a desejam e nunca a tiveram porque campos de minas nas suas realidades afastam o que é precioso. Por não querer explodir porque não é feita de matéria sólida, Paz levita e insufla e chega a cheirar aos nossos maiores pecados de gula.
Paz para quê? Paz é mesmo não querer demasiado nada porque já se tem o que basta. Paz não acontece, é achada. Paz não farta, satisfaz e aumenta a respiração tranquila como num sono profundo. Paz não se ouve, é silêncio e para quem não quer vazio Paz tem o som que os ouvidos mais apreciam. Paz não tem vaidade mas é caprichosa e quer em troca um merecimento, espera de quem a pede que a mereça e quando assim não é, é Paz fingida.
Paz contagia, pega-se como a varicela bastando encontrar alguém que tenha, dá-se a mão e segue-se um caminho junto. Paz não tem que seguir para lugar nenhum, tem de existir num sítio mas não pode ser transportada sem zelo senão perde-se na mais pequena preocupação de ter esquecido alguma coisa em casa.
Paz quer ser levada para onde caiba, onde habite com mais paz, para onde se sente descansada a olhar o cosmos, para onde as águas sejam apenas moderadamente agitadas e onde a temperatura seja amena. Quem fala dela, lembra-se que com ela tudo é mais luminoso.
Paz é, faz, diz, está, quer. Paz está ou não está. Há Paz onde não há nódoas negras ou joelhos esfolados. Paz é sim, não é contra ela.