Assinatura do Tratado de Lisboa
Alguns meses depois deste acontecimento solene (ainda se via o elétrico com a decoração alusiva à assinatura do tal tratado em circulação), num dia de forte sol e céu limpo, eu e alguns colegas do Inventário do Museu Nacional de Arqueologia assistimos a uma obra no passeio, diretamente em frente à varanda da nossa sala.
A obra decorreu ao longo de várias horas e nós íamos lançando palpites, tentando adivinhar qual o objetivo daquela intervenção. Uma vez que eram perfeitamente visíveis duas áreas individuais, ainda que contíguas, colocámos a hipótese de se tratar de duas casas de banho públicas, de carácter mais ou menos definitivo. No entanto, aquela não seria a melhor localização para uma estrutura com essas funções, mesmo em frente à entrada para o claustro e um dos acessos à igreja do mosteiro.
Além disso, também não se viam ligações nem canalizações que se conectassem, quer com o abastecimento de água, quer com o escoamento dos eventuais dejetos. Reinava o mistério!
Ainda se conjeturaram outras hipóteses, mas confesso que a que mais me ficou na memória foi mesmo a das casas de banho que, embora o local escolhido não fosse realmente o melhor, acabava por ser a uma infraestrutura com bastante utilidade, naquela zona da cidade.
Várias foram já as ocasiões em que me vieram perguntar onde está o monumento evocativo da assinatura do Tratado de lisboa, pois trata-se de uma obra muito discreta, sem qualquer indicação para a sua presença, ali – uma sinalização vertical, por exemplo. E é, também, necessário ir com muita atenção a onde se passa, pois, sem querer (ou de propósito!) pode-se estar a pisar o nome de alguma individualidade digna de admiração e respeito.