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Ajuda (Des)humanitária

Categoria: Outros
Ajuda (Des)humanitária

A mãe natureza por vezes se mostra implacável em sua fúria, e em janeiro de 2010 um pequeno e humilde país, o Haiti, se depara com um dos maiores desastres ambientais já registrados, um terremoto 7.0 na escala Motherfucker a 25 km de sua capital, Porto Príncipe, o sismo atingiu cerca de 03 milhões de pessoas e o governo confirmou pelo menos 80.000 pessoas enterradas em valas comuns.

Uma tragédia sem limites e sem tamanho, o mundo enviou ajuda humanitária e financeira (cerca de 01 Bilhão de dólares para reestruturação sendo pelo menos 50 milhões do Brasil), o governo brasileiro também incentivou a migração cedendo vistos de trabalho para os haitianos, sem emprego ou moradia comprovada em terras tupiniquins, também fornecendo o mesmo visto para quem conseguisse chegar ao Brasil (legal ou ilegalmente no colo dos coiotes).

Em um ano após a tragédia já contávamos com mais de 1.600 refugiados, que não tinham para onde ir, apenas jogados de campo em campo tentando sobreviver a nossa intricada burocracia e problemas sociais, porém ainda tinham esperanças de serem acolhidos no país mais "receptivo" do mundo, o país da copa e do carnaval.

A imigração acontecia principalmente na fronteira com o Peru e o Acre nas cidades de Brasileia e Epitaciolandia, e no Amazonas na cidade de Tabatinga, em 2012 concentramos 4.000 refugiados do Haiti e Republica Dominicana, o governo decide então endurecer as regras para emissão de vistos em Porto Príncipe para 100 por dia, para pessoas com emprego comprovado e poderia ser acompanhado da família.

Desordem é a palavra que combina com nossa politica para abrigar refugiados, em 2014 chegamos à marca de 20.000 refugiados no Brasil, os refugiados encontravam abrigos de condições precárias pelo país, entre eles o abrigo de Brasileia, que contava com uma capacidade de 250 pessoas e estava operando com 1.100, fora as 80 pessoas chegando por dia.

O local estava em péssimas condições de habitação, os banheiros há muito haviam superado sua capacidade e o local estava com um vazamento de água mal cheirosa, as pessoas não tinham acesso a sabão ou creme dental, alimentos eram escassos, 40 º de calor e muitas pessoas com febre e dores abdominais, fora o preconceito dos habitantes locais e nenhuma certeza de onde ir.

Desde 2004 o governo Brasileiro usa o Haiti como vitrine internacional, para demonstrar a força de seu exercito ou sua organização para resolver calamidades ambientais (a região serrana do Rio que o diga), em 2010 nossa economia ia um pouco melhor se comparada com o resto do mundo, isso foi noticia internacional e incentivou a imigração e o governo com sua vaidade também.

Mas a corda estourou. A falta de planejamento em longo prazo só gerou medidas paliativas, a ultima delas é a desativação do centro de refugiados de Brasileia (aquele desumanitário), realocaram os refugiados em um novo centro em Rio Branco, a medida espera conter a imigração por aquela área (esquecendo a fronteira com a Bolívia).

Do abrigo em Rio Brando, que está recebendo refugiados de outros abrigos, pretende-se escoar os refugiados para as outras capitais, para então eles fazerem Deus sabe o que, afinal são apenas medidas paliativas sem resultado em longo prazo e engrossando nossas camadas pobres e provavelmente aumentando o numero de favelas.

Além da população média (ou Burra como preferir) que os vê com preconceito e desconfiança, os refugiados encontram um país em caos com seus sistemas básicos de infraestrutura, a maior taxa de impostos do mundo sem retorno, burocracia e corrupção enraizada na cultura, sofrem nas mãos dos coiotes para chegar aqui e sofrem nos hospitais públicos (como todos os Brasileiros, porém não são os primeiros atendidos em ordem de prioridade).

E no país mais "receptivo" do mundo ainda reina a politica dos velhos vaidosos, com seu falso moralismo, levantando bandeiras ideológicas que já deviam ter morrido; aqueles que dizem que seus protestos eram melhores, suas musicas eram melhores, seus políticos eram melhores, seu sistema é melhor, essas pessoas que construíram um mundo de muita vaidade, jogos de poder, dinheiro e nenhuma humanidade, por pura soberba acolhem pessoas já fragilizadas e lhes retiram de um inferno para jogar em outro desconhecido e intolerante. Parabéns

Brasil por uma psicopatia a nível internacional.


Victor Ponciano

Título: Ajuda (Des)humanitária

Autor: Victor Ponciano (todos os textos)

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Comentários - Ajuda (Des)humanitária

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Ex-Machina e a máxima: cuidado ao mexer com os robôs.

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Tema: DVD Filmes
Ex-Machina e a máxima: cuidado ao mexer com os robôs.\"Rua
Este texto irá falar sobre o filme Ex_Machina, nele podem e vão ocorrer Spoillers, então se ainda não viram o filme, vejam e voltem depois para lê-lo.

Impressões iniciais:

Ponto para o filme. Já que pela sinopse baixei a expectativa ao imaginar que era apenas mais um filme de robôs com complexo de Pinóquio, mas evidentemente que é muito mais que isso.

Desde as primeiras cenas é possível perceber que o filme tem algo de especial, pois não vemos uma cena de abertura com nenhuma perseguição, explosão ou ação sem propósito, típica em filmes hollywoodianos.
Mais um ponto, pois no geral o filme prende mais nos diálogos cerebrais do que na história em si, e isso é impressionante para o primeiro filme, como diretor, de Alex Garland (também roteirista do filme). O filme se mostrou eficiente em criar um ambiente de suspense, em um enredo, aparentemente sem vilões ou perigos, que prende o espectador.

Entrando um pouco no enredo, não é difícil imaginar que tem alguma coisa errada com Nathan Bateman (Oscar Isaac), que é o criador do android Ava (Alicia Vikander), pois ele vive isolado, está trabalhando num projeto de Inteligência Artificial secreto e quando o personagem orelha, Caleb Smith (Domhnall Gleeson), é introduzido no seu ambiente, o espectador fica esperando que em algum momento ele (Nathan) se mostrará como vilão. No entanto isso ocorre de uma forma bastante interessante no filme, logo chegaremos nela.

Falando um pouco da estética do filme, ponto para ele de novo, pois evita a grande cidade (comum nos filmes de FC) como foco e se concentra mais na casa de Nathan, que fica nas montanhas cercadas de florestas e bastante isolado. Logo de cara já é possível perceber que a estética foi pensada para ser lembrada, e não apenas um detalhe no filme. A pesar do ambiente ser isolado era preciso demonstras que os personagens estão em um mundo modernizado, por isso o cineasta opta por ousar na arquitetura da casa de Nathan.

A casa é nesses moldes novos onde a construção se mistura com o ambiente envolta. Usando artifícios como espelhos, muitas paredes de vidro, estruturas de madeira e rochas, dando a impressão de camuflagem para a mesma, coisa que os ambientalistas julgam favorável à natureza. Por dentro se pode ver de forma realista como podem ser as smart-house, não tenho certeza se o termo existe, mas cabe nesse exemplo. As paredes internas são cobertas com fibra ótica e trocam de cor, um efeito que além de estético ajuda a criar climas de suspense, pois há momentos onde ocorrem quedas de energia, então fica tudo vermelho e trancado.

O papel de Caleb á ajudar Nathan a testar a IA de AVA, mas com o desenrolar da história Nathan revela que o verdadeiro teste está em saber se Ava é capaz de “usar”, ou “se aproveitar” de Caleb, que se demonstra ser uma pessoa boa.

Caleb é o típico nerd introvertido, programador, sem amigos, sem família e sem namorada. Nathan também representa a evolução do nerd. O nerd nos dias de hoje. Por fora o cara é careca, barbudão com uns traços orientais (traços indianos, pois a Índia também fica no Oriente), bebê bastante e ao mesmo tempo malha e mantém uma dieta saudável pra compensar. E por dentro é um gênio da programação que criou, o google, o BlueBook, que é um sistema de busca muito eficiente.

Destaque para um diálogo sobre o BlueBook, onde Nathan fala para Caleb:
“Sabe, meus concorrentes estavam tão obcecados em sugar e ganhar dinheiro por meio de compras e mídia social. Achavam que ferramenta de pesquisa mapeava O QUE as pessoas pensavam. Mas na verdade eles eram um mapa de COMO as pessoas pensavam”.

Impulso. Resposta. Fluido. Imperfeição. Padronização. Caótico.

A questão filosófica vai além disso esbarrando no conceito de “vontade de potência”, de Nietzche, mas sobre isso não irei falar aqui, pois já há textos muito bons por aí.

Tem outra coisa que o filme me lembrou, que eu não sei se é referência ou se foi ocasional, mas o local onde Ava está presa e a forma como ela fica deitada num divã, e questiona se Caleb a observa por detrás das câmeras, lembra o filme “A pele que habito” de Almodóvar, um outro filme excelente que algum dia falarei por aqui.

Talvez seja uma versão “O endoesqueleto de metal e silicone que habito”, ou “O cérebro positrônico azul que habito”, mesmo assim não podia deixar de citar a cena por que é muito interessante.

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Jhon Erik Voese

Título:Ex-Machina e a máxima: cuidado ao mexer com os robôs.

Autor:Jhon Erik Voese(todos os textos)

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Comentários

  • Suassuna 11-09-2015 às 02:03:47

    Gostei do texto, irei conferir o filme.

    ¬ Responder
  • Jhon Erik VoeseJhon Erik Voese

    15-09-2015 às 15:51:02

    Que bom, obrigado! Espero que goste do filme também!

    ¬ Responder

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