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A Ternura dos 40 anos

Texto escrito nos termos do novo acordo ortográfico.
Categoria: Outros
Visitas: 8
A Ternura dos 40 anos

Passamos metade da vida a querer crescer. Cada vez mais vivemos o passado e o futuro, deixando para trás o presente que deve ser imediatamente vivido. Vivemos entre a nostalgia do que passou e a ansiedade do que está para vir sem que se possa dar lugar ao que se vive no dia a dia.

Mas se passamos tanto tempo sem nos apercebermos o que realmente interessa e nos perdemos em ansias esquecendo-nos de viver o presente, o avançar da idade traz-nos ensinamento e tranquilidades que julgávamos não chegariam e não viveríamos.

Os 40 anos trazem-nos coisas que julgávamos não existir e a tranquilidade é uma delas. Aos 40 anos vemos as coisas de outra forma e outro jeito. Começamos a perceber-nos e a conhecer-nos de outra forma e a ansiedade de crescer termina de certa forma. Começamos a viver a vida com um sabor que desconhecíamos e olhamos o passado com um gosto de quem aprendeu e está pronto a ensinar também.

Aquilo que ansiamos são os ensinamentos da vida e não emoções de adolescente que temos agora a certeza já não voltam mais.

Aos 40 anos muitos de nós voltam a ser pais e vivem-no de forma diferente. Largam-se os nervosismos e os cuidados excessivos (e muitas vezes absurdos) que se vivem quando se tem um filho aos 20 anos. A partir dos 40 anos alguns de nós já podem ser avós e vão vivê-lo de uma forma extraordinária, pois a vitalidade continua a ser extraordinária e o acesso a informações e coisas divertidas é muito diferente dos avós da nossa geração.

Aos 40 anos a vida tem um sabor diferente. Sabe a sabedoria com vontade de aprender mais, sabe a querer viver e recordar o que passou. Aos 40 anos olhamos o céu, lemos poesia, mas ouvimos as bandas da nova geração e vamos a concertos de música rock.

Aos 40 anos estamos mais atualizados do que nunca e temos uma extraordinária capacidade de absorver informação, diluí-la, mastiga-la e vivê-la da forma que bem entendermos.

A nossa carreira profissional já está a decorrer e os nossos objetivos são diferentes. Já não sonhamos disparates e ansiamos por coisas reais e concretas, sem dar lugar a desesperos. Aos 40 anos temos mais força e conhecemo-nos como ninguém. Sabemos o que custa lutar por um desejo e o sabor fantástico que é concretizá-lo.

Ao contrário dos receios que muitos alimentam, chegar aos 40 anos pode ser o momento de paraíso há tanto tempo esperado.


Carla Horta

Título: A Ternura dos 40 anos

Autor: Carla Horta (todos os textos)

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Autobiografia de Alice B. Toklas, de Gertrude Stein, pela primeira vez em Portugal

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Texto escrito nos termos do novo acordo ortográfico.
Tema: Literatura
Autobiografia de Alice B. Toklas, de Gertrude Stein, pela primeira vez em Portugal\"Rua
Gertrude Stein foi uma escritora de peças de teatro, de peças de opera, de ficção, de biografia e de poesia, nascida nos Estados Unidos da América, e escreveu a Autobiografia de Alice B. Toklas, vestindo a pele, e ouvindo pela viva voz da sua companheira de 25 anos de vida, os relatos da historia de ambas, numa escrita acessível, apresentando situações caricatas ou indiscretas de grandes vultos da arte e da escrita da sua época. Alice B. Toklas foi também escritora, apesar de ter vivido sempre um pouco na sombra de Stein. Apesar de ambas terem crescido na Califórnia, apenas se conheceram em Paris, em 1907.


Naquela altura, Gertrude vivia há quatro anos com o seu irmão, o artista Leo Stein, no numero 27 da rue de Fleurus, num apartamento que se tinha transformado num salão de arte, recebendo exposições de arte moderna, e divulgando artistas que viriam a tornar-se muito famosos. Nestes anos iniciais em Paris, Stein estava a escrever o seu mais importante trabalho de início de carreira, Three Lives (1905).


Quando Gertrude e Alice se conheceram, a sua conexão foi imediata, e rapidamente Alice foi viver com Gertrude, tornando-se sua parceira de escrita e de vida. A casa, como se referiu atrás, tornou-se um local de reunião para escritores e artistas da vanguarda da época. Stein ajudou a lançar as carreiras de Matisse, e Picasso, entre outros, e passou a ser uma espécie de teórica de arte, aquela que descrevia os trabalhos destes artistas. No entanto, a maior parte das críticas que Stein recebia, acusavam-na de utilizar uma escrita demasiado densa e difícil, pelo que apenas em 1933, com a publicação da Autobiografia de Alice B. Toklas, é que o trabalho de Gertrude Stein se tornou de facto reconhecido e elogiado.


Alice foi o apoio de Gertrude, foi a dona de casa, a cozinheira, grande cozinheira aliás, vindo mais tarde a publicar algumas das suas receitas, e aquela que redigia e corrigia o que Gertrude lhe ditava. Assim, Toklas fundou uma pequena editora, a Plain Editions, onde publicava o trabalho de Gertrude. Aliás, é reconhecido nesta Autobiografia, que o papel de Gertrude, no casal, era o de marido, escrevendo e discutindo arte com os homens, enquanto Alice se ocupava da casa e da cozinha, e de conversar sobre chapéus e roupas com as mulheres dos artistas que visitavam a casa. Depois da morte de Gertrude, Alice continuou a promover o trabalho da sua companheira, bem como alguns trabalhos seus, de culinária, e um de memórias da vida que ambas partilharam.


Assim, este livro que inspirou o filme “Meia noite em Paris”, de Woody Allen, é um livro a não perder, já nas livrarias em Portugal, pela editora Ponto de Fuga.

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Liliana Félix Leite

Título:Autobiografia de Alice B. Toklas, de Gertrude Stein, pela primeira vez em Portugal

Autor:Liliana Félix Leite(todos os textos)

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