A Reserva Geral Do Museu Nacional De Arqueologia
Depois dessa primeira impressão de deslumbramento, e quando a reserva deixa de ser um “céu” para se tornar num dos habituais lugares de trabalho, começa-se a ter noção da exiguidade do espaço e da falta de alguns meios apropriados à movimentação de alguns dos artefactos ali guardados. No entanto, o pessoal da secção de Inventário de Coleções, ao longo dos vários anos, aprendeu a fazer “milagres” e até parece fácil trabalhar na reserva geral, e aceder e arrumar as centenas de estações arqueológicas, ali contidas – desde que se possua a necessária robustez física para isso! Porém, ao chegarmos ao 2º piso da estrutura metálica, percebemos que esse é um local mais apropriado a funcionários de baixa e muito baixa estatura! Mais perto do teto, o arranque dos arcos que o sustentam dificulta a mobilidade, junto às paredes laterais.
Nas prateleiras, dentro de contentores que armazenam os artefactos de inúmeros sítios arqueológicos, viajamos no tempo, não só ao longo da história humana (quer ao nível tecnológico – desde os machados de pedra lascada até às lucernas romanas –, quer biológico – havendo restos humanos de crianças e adultos), mas também ao longo de várias “técnicas” de acondicionamento dos objetos – podemos encontrar pequenas “antigualhas” (como se costumavam designar os artefactos antigos, principalmente no inícios do século XX) guardadas em caixas de fórforos (algumas, tal como vieram do campo, ainda), remontando ao tempo dos primeiros diretores do Museu, passando por contentores de papelão e/ou cartão, usados nos anos 80, até às caixas feitas num plástico branco, sem ácidos na sua composição e que imitam o cartão. Este novo material plástico tem a vantagem de não estar sujeito a uma degradação cujos produtos resultantes possam pôr em risco a correta conservação das peças armazenadas.
Apesar do pó de alguns vestígios, da presença de uma ou outra osga (úteis para controlar a população de insetos) e do calor que se sente nas tardes de verão (ou em qualquer dia que o sol brilhe mais intensamente), até é um sítio agradável para se trabalhar, sem muito ruído e com boa iluminação.
Não tendo condições perfeitas para a realização de fotografias (há um estúdio fotográfico no MNA para esse efeito), permito, contudo, que se consigam imagens com qualidade suficiente para inventariação e identificação. Assim, durante a minha colaboração com a secção de Inventário, ainda realizei algumas fotografias a peças que me coube classificar.