A Escravidão Das Dívidas
A pobreza, por si só, é suficiente para matar a ambição e destruir a autoconfiança e a esperança, atrás destes acrescenta-se a responsabilidade das dívidas e toda e qualquer vítima desses dois cruéis senhores estará inevitavelmente condenado ao fracasso.
Sob o peso das dívidas, nenhum homem é capaz de dar o seu melhor trabalho, ou de expressar-se em termos que infundam respeito, de criar ou levar avante um objetivo definido na vida. O homem que se deixa escravizar pelas dívidas é tão desamparado como o escravo limitado pela ignorância, ou preso aos grilhões.
É terrível pensar em atravessar a vida como uma vítima, acorrentado inteiramente aos outros por dívidas. A acumulação de dívidas é um hábito. Começa-se de modo modesto, até que as dívidas vão assumindo proporções enormes, pouco a pouco, dominando inteiramente o indivíduo.
Um homem escravizado pelas dívidas não encontra tempo nem gosto para formar um ideal, implanta limitações no seu próprio espírito, condena-se a viver agrilhoado ao medo e à dúvida, aos quais nunca escapa.
Para evitar a infelicidade das dívidas, é pouco todo o sacrifício que se faça. O homem que se endivida irremediavelmente, é uma vítima do medo da pobreza, perde a ambição e a confiança em si mesmo, mergulhando pouco a pouco na apatia.
Há duas classes de dívidas, e tão diferentes em natureza, que merecem ser descritas aqui.
2. As dívidas feitas no decorrer de uma transação comercial ou profissional, que representam mercadorias ou trabalho, e que podem ser convertidas em ativo.
A primeira classe de dívidas é a que deve ser evitada de toda maneira e a segunda pode ser tolerada, uma vez que o devedor seja prudente e não se permita ir além de limites razoáveis. Desde o momento em que o indivíduo vai além desses limites, entra no campo da especulação, a qual antes devora as suas vítimas do que as enriquece.
O medo da pobreza destrói a força de vontade das pessoas endividadas, que ficam assim incapacitadas de restaurar a fortuna perdida e, o que é pior, perdem toda a ambição de libertar-se da escravidão das dívidas.
A pessoa que não tem dívidas pode afastar a pobreza e consegue grandes sucessos financeiros, mas para aquele que tem dívidas, as realizações são apenas possibilidades remotas, e nunca uma probabilidade.
O medo da pobreza é um estado de espírito destruidor, negativo. Além disso, tem tendência para atrair disposições de espírito semelhantes. Por exemplo, o medo da pobreza pode atrair o da doença, e os dois, o da velhice, de maneira que a vítima, que já é uma presa da pobreza, adoece e envelhece antes do tempo.
Milhões de pessoas têm encontrado uma morte prematura em consequência desse cruel estado de espírito.