O controlo das máquinas
Na Idade Média, os camponeses encontravam sustento na agricultura, vivendo de e para as suas colheitas, condicionadas pelos ciclos da noite e do dia e das estações do ano. Os artesãos trabalhavam nas suas oficinas, geralmente anexos da casa que habitavam, dando asas à sua arte, com base nas solicitações dos clientes. O tempo de trabalho era medido em função do término dessas produções. Com a Revolução Industrial, porém, as tarefas passaram a ser repetitivas, cronometradas e ordenadas a um agregado final que o trabalhador desconhecia ou nunca veria composto. Ele perdeu, deste modo, a ligação entre o que realizava e o resultado. Separou-se o produtor do produto, alheando-o do serviço que prestava.
A mecanização foi tão profunda que, pouco a pouco, o operário foi sendo substituído pelas máquinas nas tarefas passíveis de verem aumentada a repetição. Trouxe ainda redução nos preços e a popularização dos bens, estimulando o aumento dos mercados e fomentando o desejo pelo consumo. Não obstante o desenvolvimento económico potenciado, o acto de trabalhar perdeu importância no imaginário humano, dado que foi extinta a relação emocional que se estabelecia com o fruto desse labor. Ele deixou de ser voluntário para se tornar compulsivo, forçado. Já não constitui uma satisfação, mas uma obrigação, uma necessidade. Passou a ser encarado como um sofrimento inevitável, vazio, inútil, cansativo.
Consequentemente, as organizações convertem-se em estruturas onde a frieza e a insensibilidade, características das máquinas, imperam, e em que executar é a palavra de ordem. Todavia, este sistema mecanicista não se adapta facilmente a situações de mudança, porque dotadas de uma delineação rígida de planos estanques para a prossecução de objectivos predeterminados. As inovações não têm espaço neste clima de austera inflexibilidade, para além de que ninguém questiona coisa nenhuma, porque, cumprindo o seu papel de boa “máquina”, prevalece uma total privação do uso do raciocínio! Para inverter esta conjuntura, terá de ocorrer uma Revolução Humana…
Comentários ( 1 ) recentes
- Sandro Evonio G. Santos
16-09-2009 às 15:27:31Enfatizo ainda, que sob o nome de colaboradores é que são designadas estas pessoas que ao contrário das máquinas não só executam como acrescentam sugestões importantes em qualquer processo de produção ou serviços. A mecanização que acompanha a evolução tecnológica, sofre muito mais pela gestão dos números secos e frios de pessoas que analisam os fins e desconhecem os meios. É muito fácil dezer que o número não foi atingido e ao invés de buscar-se conhecer a causa de uma falha apontar um culpado. Se existe este tipo de comportamento? O chão de fábrica pode responder melhor do que ninguém! Um trabalho corporativo e que tenha como seu maior ativo as pessoas, não precisa ser feito de belas imagens ou belos discursos, mas sim de atitudes que valorizem o verdadeiro tesouro de qualquer organização.
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