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Início > Textos > Categoria > Literatura > O ódio ao caipira e o sucesso do Jeca Tatu

O ódio ao caipira e o sucesso do Jeca Tatu

Categoria: Literatura
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O ódio ao caipira e o sucesso do Jeca Tatu

Monteiro Lobato foi um escritor caipira e o Sítio do Pica Pau Amarelo tem tudo de caipira, inclusive o racismo que na época era ciência. Mas é no livro Urupês, de 1918, que encontramos o personagem lobatiano que mais impactou nossas vidas caipiras, o Jeca Tatu, um personagem emblemático que aumentou o preconceito já existente e continua travando a valorização social do caipira.

Não dá para condenar Lobato pelo mal que o Jeca nos causou. Mesmo seu racismo declarado deve ser contextualizado, pois a eugenia era uma ciência respeitada. Muita “gente boa” na época tinha ideias racistas da mesma forma que muita “gente boa” hoje. Mas foi ele quem personificou o ódio burguês ao caipira na figura literária do Jeca.

O burguês odeia o caipira porque “somos a negação do burguês”, parafraseando Carlos Rodrigues Brandão no livro Os Caipiras de São Paulo. E tanto ódio fez com que o Jeca ganhasse fama para levar o povo à vergonha de si mesmo. O sucesso estrondoso de um personagem literário num país de analfabetos evidencia que a máquina de propaganda burguesa e estatal foi usada contra o caipira. Não fosse o Jeca um personagem que nos nega, provavelmente não teria feito sucesso algum.

Seu sucesso foi estratégico e como foi intensamente distribuído nas escolas, vê-se que a intenção era chegar à classe média, os ditos formadores de opinião. Muitos dos leitores de Jeca Tatuzinho viraram professores e ensinaram gerações e gerações a negarem nossa identidade. Um exemplo são as festas juninas que em tese representam o terço caipira, mas que se tornaram uma festa do Jeca, o que é uma heresia, pois os caipiras iam para os terços com a melhor roupa, a da missa de domingo.

O Jeca Tatuzinho foi a versão amenizada do Jeca Tatu que colocou as crianças contra o caipira. Amenizada porque no livro Urupês, o caipira é um verme que precisa ser eliminado ao passo que Jeca Tatuzinho era um caipira doente cuja doença podia ser curada, em tese, com o fortificante milagroso.

É certo que outro personagem de Lobato, o Zé Brasil, acabou por redimi-lo apresentando o caipira como vítima da injustiça social, mas este não teve a mesma divulgação. Mitificou-se o Jeca Tatu cuja doença era ser caipira e ignorou-se o Zé Brasil cuja carência era de cidadania. O famoso fortificante que se propunha a fortalecer nosso corpo na verdade enfraqueceu nossa alma.

O Jeca Tatu não nos representa, pois simboliza o desprezo das classes dominantes pelo povo. Não dá para negar o talento de Lobato ou condená-lo postumamente por racismo, pois além de representar o pensamento da época, seu talento é inegável, mas precisamos nos livrar do Jeca Tatu, este personagem literário que se tornou nossa cruz pesada.

E o estrago que o Jeca causou deve ser sanado pela própria literatura. A decodificação da alma caipira e sua transformação em obras literárias relevantes é o que pode nos livrar do estigma do Jeca. Cabe aos poetas e escritores caipiras trazerem para o imaginário popular o verdadeiro caipira. Literatura alguma acabará com o ódio que a burguesia ainda sente pelo caipira, mas tanto ódio será nulo quando o caipira deixar de sentir vergonha de ser caipira.

Somos muito mais do que um mero personagem literário e precisamos escrever isso urgentemente!


Luiz Mozzambani Neto

Título: O ódio ao caipira e o sucesso do Jeca Tatu

Autor: Luiz Mozzambani Neto (todos os textos)

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Comentários - O ódio ao caipira e o sucesso do Jeca Tatu

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Um sinal de compromisso

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Tema: Jóias Relógios
Um sinal de compromisso\"Rua
Exibir uma aliança de compromisso é, frequentemente, motivo de orgulho e, quando se olha para ela, vai-se rodando-a no dedo e fica-se com aquela expressão ridícula na cara.

Uma questão se coloca: qual a razão de estas alianças de compromisso serem tão fininhas: será porque os seus principais clientes, os jovens, são sujeitos de poucas posses (tendendo as mesadas a emagrecer ainda mais com a crise generalizada) ou porque esse compromisso, não obstante a paixão arrebatadora, é frágil e inseguro?

Sim, porque aqui há que fazer cálculos matemáticos: x compromissos vezes y alianças…com um orçamento limitado sobre um fundo sentimental infinito…

Depois, importa perpassar os tipos destas alianças. Há as provisórias, que duram em média quinze dias; há as voadoras, que atravessam os ares à velocidade da luz quando a coisa dá para o torto; há as que insistem em cair do dedo, sobretudo em momentos em que ter um compromisso se revela extremamente inoportuno; e depois há as residentes, que uma vez entradas não tornam a sair.

Os pombos-correios usam anilhas onde figuram códigos que os identificam. Talvez não fosse completamente descabido fazer umas inscrições deste género em algumas alianças de compromisso por aí…

Só para ajudar os mais esquecidos a recordarem a que “pombal” pertencem.

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Comentários

  • Luene ZarcoLuene

    22-09-2014 às 05:46:10

    Um sinal de amor e lealdade perpétua! Adoro ver os vários modelos de aliança! Vale a pena escolher uma bem bonita!

    ¬ Responder

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