O final feliz de uma história da felicidade
Definir o indefinível foi, basicamente, a tarefa hercúlea deste estudioso da felicidade. Circunscrever um sentimento como a felicidade a conceitos procedentes de uma Humanidade pouco humanizada, detentora de tradições, vícios e heranças ocidentalizados há de ser um esforço tremendo e, muitas vezes, inglório. Talvez por isto o “arquiteto” desta obra editada em 2006 e incluída pelo «New York Times» numa lista de 100 livros notáveis, defenda que o estudo da felicidade pressupõe uma abordagem multidisciplinar que abarque os domínios social, cultural, textual e mesmo emocional.
Mais do que factos de objetividade, seduzem-no as ideias e a respetiva contextualização. Não se está diante de uma ciência exata, mas de um ensaio de reflexão livre, repleta de genealogias entusiasmantes. É a história intelectual no seu estado mais puro. O herói trágico, as doutrinas de fé, o iluminismo, o liberalismo e toda uma vasta panóplia de vivências clássicas e judaico-cristãs, passando por Nietzsche, Marx e Freud, compõem um interessante conjunto de oito capítulos divididos em duas partes («A Construção de uma Fé Moderna» e «Espalhando a Palavra»), com abundância de notas. A questão da fé surge associada à urgência da investigação daquilo que McMahon acredita ser o credo hodierno: toda a gente considera ter direito à felicidade!
O autor pretende transmitir a quem o leia que a história da felicidade é suscetível de integrar, acima de tudo, uma experiência de relativização. Todos sabemos que a absolutização seja do que for é perniciosa e limitativa. Abordada desta maneira, esta será, sem dúvida, uma história com um final feliz, como aliás convém.