O Fim do Alfabeto
Não deve ser nada fácil receber, no dia em que se completam 50 anos de existência, a notícia de que essa será, com uma probabilidade muito elevada, a última comemoração do género, pelo simples facto de que se ganhou de presente a sentença de morte com um horizonte temporal curtíssimo!... Neste contexto, Ambrose resolve lançar-se com a mulher numa viagem à volta do mundo, de Amesterdão a Zanzibar, com passagem por Berlim, Paris, Florença, Gizé, Istambul e Veneza, levando na bagagem doces recordações, a perspectiva de um presente aterrador, o medo e o amor. E, perante a necessidade de pôr alguns pontos nos “is”, Istambul apresenta-se como o palco perfeito para ambos fazerem as pazes com o tempo perdido e as muitas questões sem resposta, sendo que a partir daqui a viagem segue um curso inesperado.
Trata-se mais de uma viagem interior do que ao mundo circundante, de aceitação, uma trajectória da vida deste casal, com particularidades interessantes e profundas, de carácter evocativo e mágico.
De facto, um homem que vive em Londres, que trabalha numa prestigiada agência de publicidade, com uma casa belíssima e casado com uma verdadeira top model convence-se de que não precisa de mais nada na vida… A não ser, talvez, a própria vida! Perante o cenário da morte, o poder da arte, o valor da História e as especificidades do ser assumem, então, uma nova dimensão para Ambrose. Simultaneamente, a mulher vai tentando imaginar o inimaginável: um futuro próximo em que o marido já não estaria com ela. Trata-se de uma jornada espiritual às profundezas do amor, da perda e da vida.
Escrito com inteligência e humor, este romance leva à reflexão e à comoção e mostra como é possível pautar a vida por um amor excepcional. Aludindo a um enredo improvável, como que a justificar o sentido de todo o conteúdo, «O Fim do Alfabeto» desafia a uma segunda leitura para não deixar escapar certas ideias mais implícitas.