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Há espera do sol

Texto escrito nos termos do novo acordo ortográfico.
Categoria: Literatura
Há espera do sol

O cheiro a bafio percorre os corredores envelhecidos pelo tempo. Nas paredes a tinta desaparecia lentamente, o pó acumulava-se nas pequenas molduras de fotografias ainda a preto e branco. Rostos endurecidos pelo tempo, personalidades duras. O vento assaltava por debaixo da porta, rápido e gélido, tornava o corredor ainda mais frio, transformava-o num passado frio e distante.

A janela da sala batia vezes sem conta. O ar cortante assaltava mais uma vez a casa, mas desta vez congelava as lágrimas de Ângela. As rugas da sua face, profundas e experientes, traçavam o rumo das lágrimas gélidas e salgadas. A sua mão tremia sob o seu peito. Puxou a manta devagar na tentativa de se aquecer. Mas a manta não era suficiente para aquecer o frio do seu interior.

A sua mão deixara o seu peito e pousara sobre o comando da televisão. A imagem minúscula era ainda perceptível pelos olhos inundados de Ângela. A televisão não captava a atenção da velha senhora…
Ângela pegou na sua bengala, retirou a sua manta dos pés e colocou-a ao lado do cadeirão.

Levantou-se, sustendo as dores do corpo idoso, das articulações gastas e do corpo pesado. Com a bengala na mão direita caminhou a passos lentos e pequenos. Segurou-se ao parapeito da janela, sentiu o turbilhão do vento, olhou demoradamente para o fundo da rua. Casas velhas, deterioradas pelo tempo, vizinhos ocupados nas suas vidas, demasiado…

Olhou mais uma vez para o fundo da rua. A esperança era cada vez menor com o passar dos anos, mas para Ângela a esperança e as suas palavras por dizer morreriam com ela. Fechou devagar a persiana, na tentativa de que o vento deixe de trespassar a sua casa, mas era inútil. Desligou a televisão e rumou à cozinha. Abriu a porta da sala, moveu-se para o corredor. Amargurada, olhou para o retrato, já de vidro partido e sujo, da sua família há muitos anos desfeita. Quatro pessoas, quatro rostos unidos e felizes não adivinhando que tudo iria acabar.

O rosto de Ângela ficara enrugado, sinalizado pelo tempo, onde a felicidade que outrora trazia nos seus lábios fora brutalmente arrancada.

Mas era altura de dizer adeus à casa que viu muitos sorrisos e sorveu muitas lágrimas. Iria para uma nova casa, um lar de idosos. Talvez pudesse passar os últimos tempos de vida deixando a amargura que a vida lhe causou e provar, talvez ainda a tempo, algo mais doce nesta sua longa vida.
A mala estava pronta. Pesada não pelas roupas, mas pelas lembranças que Ângela colocou na mala.

- Dona Ângela, já está pronta? – perguntou Martim.
- Sim, vamos!
A viagem não era longa, mas deixar a casa onde viveu tantos anos não era fácil. Já não iria cair na tentação de olhar pela janela para o fundo da rua…

Dez dias passaram. Devagar, na sua nova casa. Apesar de já ter feito algumas amigas, Ângela ainda passava muitas horas no quarto revolvendo as recordações que trouxera na mala.

-Dona Ângela, tem uma visita para si! - disse Martim.
- Se for um homem de preto com a cabeça tapada diz-lhe que ainda tenho uma última coisa a resolver antes de morrer!
- Se aparecer eu aviso-o! – riu-se – É um homem de fato branco, com cerca de cinquenta anos! É o seu filho!
- Meu filho?! – Ângela desconfiou que fosse a mesma pessoa que esperava há mais de trinta anos, vinda do fundo da rua…
-Vem ou não?
- Vamos. Espera só um segundo… – pediu-lhe Ângela. As suas mãos esconderam, por debaixo do casaco, o velho retrato de família.
Por entre os corredores, devagar, com uma mão na bengala e a outra no braço de Martim, chegou finalmente á Sala de Convívio.
Martim levou-a até à mesa onde o homem estava sentado. Estava de costas a olhar para outro corredor.
- Esperamos sempre pelos outros no local errado! – disse Ângela de voz trémula, esperando que o homem a olhasse nos olhos, tentando reconhecer aquele que num dia foi seu filho.
- Martim, podes ir, obrigado! – disse-lhe António.
-Claro, pai. Fiquem à vontade!
Ângela ficou a olhar seriamente para ele. Também ele já tinha rugas, cabelo branco. Também ele já estava a ficar velho. Martim era, afinal, filho dele, seu neto. Ficou feliz por ter um neto. Estivera ao lado dela desde que viera para o lar.
- Eu fui há uns dias à sua procura e a sua vizinha disse-me que tinha vindo aqui para o lar. Soube pelo Martim como estava.
- …de pé para a cova! Como é que pudeste estar tantos anos longe de mim com a cabeça tranquila? – perguntou-lhe Ângela. A idade já não lhe permitia ter forças para gritar com o filho. Aquele que desapareceu sem deixar rasto e nunca mais soube dele.
- Desculpe, mãe! – António estava arrependido.
-Achas que uma palavra chega para limpar todas as lágrimas que escorreram pela minha cara, todas as horas de solidão, todos os momentos em que procurei uma razão para me teres abandonado, todos os segundo que olhei para o fundo da rua e esperei o teu regresso? - Ângela emocionou-se. Foram muitos anos de sofrimento em busca de respostas que nunca teve.
- Já lhe pedi desculpa… o que quer que lhe diga mais?! – perguntou-lhe António.
- Quero que me contes a verdade!
- A minha vida não foi fácil! - disse-lhe António.
- Achas que a minha foi? Achas que foi fácil para mim? Quando o teu pai morreu a minha vida começou a cair… Foi assassinado e nunca se soube quem o matou. Ainda eras pequeno… Foi o teu irmão que teve de se assumir-se homem da casa, a muito custo. Ainda era um jovem, mas teve de crescer de um dia para o outro. Eu comecei a fazer alguns trabalhos como costureira para sustentar a casa. Depois, o teu irmão morreu, atropelado, e eu fiquei sozinha com um miúdo de treze anos nos braços. - contou Ângela.

- Mãe, isso eu sei de cor e salteado! – interrompe António.
- Não, não sabes! Nunca sentiste na pele o que é perder metade da família. Mas, mesmo assim, lutei para que nada te faltasse. Quantas noites eu passei debaixo da luz da vela com a agulha e dedal nos dedos? Para quê?! Para me deixares, mal acabas-te o curso? Abandonaste-me como se fosse um cão! – disse, revoltada com o seu filho.

- Eu não queria que as coisas se tivessem passado assim! – lamentou-se.
- Não é nada fácil fazer amizades com a solidão dos últimos trinta e tal anos! O frio daquela casa... O vento que me abalava o coração vindo daquelas paredes!
Ângela colocou o retrato em cima da mesa. O retrato daquela família feliz. Outrora feliz, mas desfeita.

- Éramos pobres, não tínhamos onde cair mortos. O pai tinha a quarta classe e passava a vida a fazer calçadas. E tu, mãe? Cozias as bainhas e fazias uns farrapos que nos davam tostões! Migalhas! O meu irmão morreu por fatalidade! E achas que se ele ainda fosse vivo estaria contigo? Não, mãe! Garanto-te! – o tom de voz de António tinha cada vez mais raiva.

- Realmente, depois de tantos anos, não consegues dar valor ao que te demos. Pode ser que a vida te ensine que a tua ambição vai causar muitos estragos! -Ângela levantou-se, exaltada. Chorava, mas depressa secou as lágrimas. - Não vales cada lágrima que eu derramei ao fim destes anos todos à tua espera!

Ângela pegou no retrato. Com toda a força dos seus oitenta anos, atirou-o ao chão. Os estilhaços voaram pela sala. António olhou para a mãe. Fora atingido pelos estilhaços, restos da explosão da fúria de tantos anos.

- Martim! - chamou Ângela - Leva-me para o quarto. Se este senhor voltar a aparecer, diz-lhe que para mim, ele morreu. Já não tenho família. Se for uma visita obscura, recebê-lo-ei com todo o prazer. Estou pronta para ir para o caixão. Já resolvi tudo o que tinha a resolver!
- Pena que tivesse esperado tanto tempo por uma pessoa que não sei quem é!


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Título: Há espera do sol

Autor: Rua Direita (todos os textos)

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Tema: Automóveis
Manutenção Automovel\"Rua
Faça você mesmo a revisão do seu automóvel e poupe dinheiro em oficinas. Primeiro verifique com a ajuda de outra pessoa a iluminação exterior. Uma pessoa fica no interior do carro e liga as luzes, verifique á frente os mínimos, os médios, os máximos e os piscas. Depois atrás verifique os mínimos os stop a marcha atrás e o farol de nevoeiro.

A seguir verifique a iluminação do interior do veículo e do painel de instrumentos e a afinação do travão de mão.

Agora está na hora de verificar os filtros de ar, gasóleo e habitáculo. Dependendo da utilização eles podem fazer em média 40.00km, se estiverem sujos substitua-os por novos.

A seguir vem a mudança do óleo este em geral pode-se retirar pelo bujão de vazamento do cárter, convém substituir a anilha e o filtro de óleo. O óleo novo deve respeitar as especificações do fabricante, verificar no livro de manual de utilizador do veículo os litros de óleo do motor. Meter o óleo novo pelo bucal superior do motor com a ajuda de um funil, o nível do óleo não pode ultrapassar o máximo. Se não sabe a quantidade de óleo deite 4 litros e depois verifique o nível pela vareta de verificação de nível e vá deitando até chegar ao nível certo.

Agora é preciso verificar as pastilhas de travões, hoje em dia como quase todos os veículos têm jantes especiais consegue verificar sem desmontar as rodas. Substituir se necessário as pastilhas, ao desmontar repare como desmonta para depois voltar a montar tudo de novo. Por fim verifique a pressão dos pneus com um manómetro, a pressão indicada varia de carro pra carro se não sabe a pressão indicada ponha 2.2bar que é em média a pressão que todos utilizam.

Convém dizer que qualquer material que precise basta procurar numa loja de peças auto próxima de si ou então encomendar via net pois existem vários sites especializados em peças e materiais de manutenção auto. Vai ver que não custa nada se eu aprendi você também pode aprender e além disso fica a conhecer melhor o seu carro.

Com isto tudo pode poupar em média 200€ por cada revisão.
Obrigado e até a próxima.

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Comentários

  • Rua DireitaRua Direita

    17-06-2014 às 04:55:10

    Há inúmeros benefícios para fazer a manutenção do automóvel, pois isso garante melhor preservação do veículo e se prolonga o uso por muitos e muitos anos.
    Cumprimentos,
    Sophia

    ¬ Responder

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