Bem vindo à Rua Direita!
Eu sou a Sophia, a assistente virtual da Rua Direita.
Em que posso ser-lhe útil?

Email

Questão

a carregar
Textos | Produtos                                                    
|
Top 30 | Categorias

Email

Password


Esqueceu a sua password?
Início > Textos > Categoria > Literatura > Capítulo 2 – Atropelando a sua história.

Capítulo 2 – Atropelando a sua história.

Categoria: Literatura
Capítulo 2 – Atropelando a sua história.

João Pedro já estava na estrada há muito tempo. Sua missão naquele dia era buscar o carro de seu patrão na cidade vizinha à sua.

Falando assim parece um trabalho fácil, mas entre a cidade de João e a cidade onde o carro estava havia uma distância de 200 km de zona rural. Ele dirigiu por algumas horas até que seu celular tocou. Ele sabia que era imprudência atendê-lo em horário de serviço e por isso deixou que ele tocasse.

“Se for alguma coisa importante, ligarão de novo mais tarde” pensou.
O movimento constante de acelerar, diminuir, entrar nas curvas, acelerar novamente, intercalando sempre uma troca de marcha aqui ou ali, já estava completamente mecanizado em João Pedro. Desse modo o que para alguns poderia ser uma grande viagem pelas serras do sul do Brasil, para o pobre motorista era apenas parte de sua rotina, por vezes entediante e repetitiva.

Quando passava por um posto de pedágio seu telefone começou a tocar novamente. Dessa vez, João não o ignorou completamente e entre a entrega do dinheiro para o funcionário do pedágio e o recebimento do cupom fiscal ele olhou rapidamente para a tela do pequeno aparelho tagarela.

“Um numero que não conheço, Hã! Deve ser da cadeia” então guardou o cupom e resolveu deixar o celular no silencioso para que ninguém mais o atormentasse.
O resto de sua viagem seguiu tranquila e serena, se é que se pode dizer isso das estradas brasileiras. O que ele contaria mais tarde para a sua esposa é que: “Não peguei nem um acidente no caminho dessa vez, tinha um engarrafamento ou outro quando tava subindo a última serra, né, mas isso é normal”.

O chefe de João era um Deputado que gostava muito de carros especialmente se eles pudessem ser comprados a preço de banana em leilões no interior do estado e revendidos a preços muitos altos em sua cidade. Este que estava trazendo, tinha sido comprado recentemente num leilão de carros apreendidos da polícia federal.

Até aqui não temos nada de ilegal. Não tem nenhuma lei que proíba que Deputados comprem carros baratos para revender e aumentar seu pequeno patrimônio, mas no caso do padrão de João Pedro, era um meio de lavar dinheiro, pois ele tinha informações privilegiadas com os polícias que organizavam os leilões de quais eram os mais valiosos. Alguns até se infiltravam para dar lances para ele, de modo a impedir que outras pessoas comprassem as raridades apreendidas.

João Pedro, no entanto não sabia de nada disso.
“Não me envolvo com política!” era seu lema.
“É muita gente querendo muita coisa e no fim todos acabam se dando mal!”
Seu trabalho era apenas ir até alguma cidadezinha de ônibus voltar dirigindo um carro de luxo. Pode parecer tentador se você gosta de carros de luxo. Mas, como para João era só um trabalho, era igual a todos os outros trabalhos. Chato, repetitivo e entediante.

O motorista do Deputado já havia entrado na cidade e aproxima de uma zona residencial que precisava atravessar para chegar ao condomínio onde deixaria o novo sedan preto do seu patrão. Já passará das oito horas da noite quando deixara a cidadezinha e agora duas horas depois estava perto de concluir seu trabalho do dia.
Seguiu direto por uma rua que passava por uma escola e que estava aparentemente fazia. Subiu pela rua observando algumas crianças que andavam de bicicleta numa quadra de futebol pública, que estava mal iluminada, mas a criançada nem se importava com isso.
Pode ver que havia luz na escola, mas não pode ver movimento de nenhum aluno ou professor.
Seguiu com o carro tranquilamente sem se preocupar com mais nada.

Chegando ao condomínio cumprimentou o porteiro com um sinal e seguiu para a casa do seu chefe. Usou o controle para abrir a garagem, estacionou o carro e entrou na casa pela porta dos fundos. Cumprimentou umas das empregadas e pediu a ela que lhe trouxesse um copo com água.
Deixou as chaves no porta chaves e pegou seu celular para avisar ao patrão que tudo tinha dado certo e que o carro estava entregue.
Foi só então que percebeu que havia um número muito grande de chamadas não atendidas. Algumas eram do numero estranho que vira quando passou pelo pedágio, outras do número pessoal do seu filho.

Ficou um pouco assustado e resolver ligar para o filho antes mesmo de ligar para o patrão.
O telefone tocou, tocou e ninguém atendeu.
Resolveu ligar então para o número desconhecido e um jovem rapaz atendeu.
“Alô, quem está falando?”
“Aqui é o J.P., você me ligou mais cedo, quem é?”
“O senhor é pai de Eduardo Marques?”
“Sou, sim, está o que tem o meu filho?”
“Éh, eu preciso que o senhor se acalme, mas eu e o seu filho nos envolvemos em um acidente. Éh, eu perdi o controle do meu carro e atropelei o seu filho.”
Continua...


Jhon Erik Voese

Título: Capítulo 2 – Atropelando a sua história.

Autor: Jhon Erik Voese (todos os textos)

Visitas: 0

0 

Comentários - Capítulo 2 – Atropelando a sua história.

voltar ao texto
  • Avatar *     (clique para seleccionar)


  • Nome *

  • Email

    opcional - receberá notificações

  • Mensagem *

  • Os campos com * são obrigatórios


  • Notifique-me de comentários neste texto por email.

  • Notifique-me de respostas ao meu comentário por email.

Ex-Machina e a máxima: cuidado ao mexer com os robôs.

Ler próximo texto...

Tema: DVD Filmes
Ex-Machina e a máxima: cuidado ao mexer com os robôs.\"Rua
Este texto irá falar sobre o filme Ex_Machina, nele podem e vão ocorrer Spoillers, então se ainda não viram o filme, vejam e voltem depois para lê-lo.

Impressões iniciais:

Ponto para o filme. Já que pela sinopse baixei a expectativa ao imaginar que era apenas mais um filme de robôs com complexo de Pinóquio, mas evidentemente que é muito mais que isso.

Desde as primeiras cenas é possível perceber que o filme tem algo de especial, pois não vemos uma cena de abertura com nenhuma perseguição, explosão ou ação sem propósito, típica em filmes hollywoodianos.
Mais um ponto, pois no geral o filme prende mais nos diálogos cerebrais do que na história em si, e isso é impressionante para o primeiro filme, como diretor, de Alex Garland (também roteirista do filme). O filme se mostrou eficiente em criar um ambiente de suspense, em um enredo, aparentemente sem vilões ou perigos, que prende o espectador.

Entrando um pouco no enredo, não é difícil imaginar que tem alguma coisa errada com Nathan Bateman (Oscar Isaac), que é o criador do android Ava (Alicia Vikander), pois ele vive isolado, está trabalhando num projeto de Inteligência Artificial secreto e quando o personagem orelha, Caleb Smith (Domhnall Gleeson), é introduzido no seu ambiente, o espectador fica esperando que em algum momento ele (Nathan) se mostrará como vilão. No entanto isso ocorre de uma forma bastante interessante no filme, logo chegaremos nela.

Falando um pouco da estética do filme, ponto para ele de novo, pois evita a grande cidade (comum nos filmes de FC) como foco e se concentra mais na casa de Nathan, que fica nas montanhas cercadas de florestas e bastante isolado. Logo de cara já é possível perceber que a estética foi pensada para ser lembrada, e não apenas um detalhe no filme. A pesar do ambiente ser isolado era preciso demonstras que os personagens estão em um mundo modernizado, por isso o cineasta opta por ousar na arquitetura da casa de Nathan.

A casa é nesses moldes novos onde a construção se mistura com o ambiente envolta. Usando artifícios como espelhos, muitas paredes de vidro, estruturas de madeira e rochas, dando a impressão de camuflagem para a mesma, coisa que os ambientalistas julgam favorável à natureza. Por dentro se pode ver de forma realista como podem ser as smart-house, não tenho certeza se o termo existe, mas cabe nesse exemplo. As paredes internas são cobertas com fibra ótica e trocam de cor, um efeito que além de estético ajuda a criar climas de suspense, pois há momentos onde ocorrem quedas de energia, então fica tudo vermelho e trancado.

O papel de Caleb á ajudar Nathan a testar a IA de AVA, mas com o desenrolar da história Nathan revela que o verdadeiro teste está em saber se Ava é capaz de “usar”, ou “se aproveitar” de Caleb, que se demonstra ser uma pessoa boa.

Caleb é o típico nerd introvertido, programador, sem amigos, sem família e sem namorada. Nathan também representa a evolução do nerd. O nerd nos dias de hoje. Por fora o cara é careca, barbudão com uns traços orientais (traços indianos, pois a Índia também fica no Oriente), bebê bastante e ao mesmo tempo malha e mantém uma dieta saudável pra compensar. E por dentro é um gênio da programação que criou, o google, o BlueBook, que é um sistema de busca muito eficiente.

Destaque para um diálogo sobre o BlueBook, onde Nathan fala para Caleb:
“Sabe, meus concorrentes estavam tão obcecados em sugar e ganhar dinheiro por meio de compras e mídia social. Achavam que ferramenta de pesquisa mapeava O QUE as pessoas pensavam. Mas na verdade eles eram um mapa de COMO as pessoas pensavam”.

Impulso. Resposta. Fluido. Imperfeição. Padronização. Caótico.

A questão filosófica vai além disso esbarrando no conceito de “vontade de potência”, de Nietzche, mas sobre isso não irei falar aqui, pois já há textos muito bons por aí.

Tem outra coisa que o filme me lembrou, que eu não sei se é referência ou se foi ocasional, mas o local onde Ava está presa e a forma como ela fica deitada num divã, e questiona se Caleb a observa por detrás das câmeras, lembra o filme “A pele que habito” de Almodóvar, um outro filme excelente que algum dia falarei por aqui.

Talvez seja uma versão “O endoesqueleto de metal e silicone que habito”, ou “O cérebro positrônico azul que habito”, mesmo assim não podia deixar de citar a cena por que é muito interessante.

Pesquisar mais textos:

Jhon Erik Voese

Título:Ex-Machina e a máxima: cuidado ao mexer com os robôs.

Autor:Jhon Erik Voese(todos os textos)

Alerta

Tipo alerta:

Mensagem

Conte-nos porque marcou o texto. Essa informação não será publicada.

Deixe o seu comentárioDeixe o seu comentário

Comentários

  • Suassuna 11-09-2015 às 02:03:47

    Gostei do texto, irei conferir o filme.

    ¬ Responder
  • Jhon Erik VoeseJhon Erik Voese

    15-09-2015 às 15:51:02

    Que bom, obrigado! Espero que goste do filme também!

    ¬ Responder

Pesquisar mais textos:

Deixe o seu comentário

  • Nome *

  • email

    opcional - receberá notificações

  • mensagem *

  • Os campos com * são obrigatórios