Amar - Florbela Espanca
Amar só por amar: Aqui... Além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda gente...
Amar! Amar ! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pre cantar!
E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... Pra me vencontrar...»
A estrutura interna pode ser interpretada como: Florbela, na primeira estrofe, conta-nos que quer amar perdidamente! Amar só por amar. Amar todos e não amar ninguém. Ela questiona-se se quer recordar ou esquecer, mas é indiferente. E na opinião de Florbela, quem diz que se pode amar alguém durante a vida inteira é porque mente. Na 3ª estrofe, Florbela transmite que há um amor em cada “esquina”, e sempre que esse amor aparece, é preciso cantá-lo, porque se Deus nos deu voz foi para cantar. E se um dia, ela há de morrer, que a sua morte seja o nascer, para que saiba perder-se e encontrar-se.
A estrutura externa é mais linear. Este soneto é constituído por 4 estrofes: 2 quadras e dois tercetos. O esquema rimático: abab/abba/ccd/eed. A escanção métrica: Decassilábico.
Em relação às figuras de estilo, pode encontrar nos versos: (Amar só por amar: Aqui... Além...Mais Este e Aquele, o Outro e toda gente...), a enumeração, (Amar! Amar ! E não amar ninguém!), a exclamação, (Recordar? Esquecer? Indiferente!...) a interrogação, (Prender ou desprender? É mal? É bem?) a interrogação, (Durante a vida inteira é porque mente!), exclamação, (Pois se Deus nos deu voz, foi pre cantar!) a exclamação, (E se um dia hei de ser pó, cinza e nada), a enumeração, (Que seja a minha noite uma alvorada, Que me saiba perder... Pra me vencontrar...), a anáfora. Entre outros.
Um vício chamado amor.
Este amor ardente… especial… louco…
Nós podemos estar muito longe,
mas os nossos corações estaram sempre juntos
Sobre todas as montanhas, sobre todas as nuvens…
É quando os nossos corações explodem de tanta felicidade,
É quando as nossas almas se transformam,
Transformam-se numa só alma!