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“A mais cruel das Tiranias” – Histórias reais, ou nem por isso

Texto escrito nos termos do novo acordo ortográfico.
Categoria: Literatura
Visitas: 6
Comentários: 4
“A mais cruel das Tiranias” – Histórias reais, ou nem por isso

Com o processo “Casa Pia”, fomos confrontados, enquanto sociedade, com realidades que durante muitos anos não quisemos, saber, acreditar ou lutar em defesa de.

Como este processo existem milhares espalhados pelo mundo inteiro, verdadeiras mentiras reais que nos assustam, fazem temer e acordam-nos para uma realidade crua e sofrida.

Todos criamos opiniões sobre todos estes processos e defendemos ou acusamos pessoas através de julgamentos feitos com base na informação que os media nos dão.

Não querendo de forma alguma suscitar opiniões ao leitor, não trato do processo acima citado, nem de nenhum caso polémico que nos seja próximo, mas de outros frisados no livro – “A Mais Cruel das Tiranias”.

“A mais cruel das tiranias” escrito por Dorothy Rabinowitz é um relato de histórias reais de acusações não fundamentadas, surgidas de alegações com consistência pouco ou nada investigadas.

As histórias são várias, mas transcrevo em forma de relato uma delas:

“… Em agosto de 1983, uma mulher chamada Judy Jones, acusou Ray Buckley, de 29 anos professor e neto do fundador, de ter sadomizado o seu filho de 2 anos. A queixosa era alcoólica, vindo mais tarde a ser-lhe diagnosticada esquizófrenia paranoica…. Na sequencia das centenas de entrevistas com os alunos da escola… vieram a lume pormenores dos crimes espantosos alegadamente cometidos na escola e que encheram páginas da imprensa diária….

Durante 7 anos, a família de Burckley foi acusada, enxovalhada pela sociedade sem que a palavra inocência pudesse sequer ser ouvida quando aclamada pelos acusados. Quem não foi preso, viu a sua vida cair em desgraça, desfeita tal maltrapilho.

Apesar das entrevistas com a polícia e os psicólogos, nada nem ninguém considerou que estavam a ser acusadas e julgadas pessoas inocentes. Apesar dos indícios, as prisões e vexames sucederam-se. Acabaram por conseguir manter a sua inocência e prová-la, mas a um custo que custou vidas inteiras.

Este livro mostra-nos que a acusação de crimes de abusos sexuais contra crianças está na moda. Acusam-se sem provas e acreditam-se em palavras de ordem mal julgadas e mal interpretadas. Até que ponto, nós, enquanto sociedade não julgamos e incriminamos sem sermos verdadeiros conhecedores de todos os lados. Mantém-se a ideia de – preso por ter cão e preso por não ter. Afinal, cabe-nos proteger seres tão sensíveis e há que acreditar primeiro na palavra de uma criança do que na de um acusado, mas até onde chega o nosso bom senso. Um livro arrepiante a não perder.


Carla Horta

Título: “A mais cruel das Tiranias” – Histórias reais, ou nem por isso

Autor: Carla Horta (todos os textos)

Visitas: 6

653 

Imagem por: tranchis

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Comentários     ( 4 )    recentes

  • M.L.E.- Soluções de ClimatizaçãoLuisa

    24-07-2012 às 10:42:00

    Não venho aqui defender nem acusar ninguém do conhecido processo, mas será que alguém por aqui leu todo o processo? Fez a policia as investigações necessárias? Levou-as a um porto devido?
    Estas minhas palavras referem-se a várias situações, inclusive a pessoas que deveriam ter sido envolvidas e não foram. Que existiram abusos pedófilos ninguém tem duvidas, mas será que todos os culpados foram julgados? Será que no meio de tanta gente envolvida não estará nenhum inocente? Duvidas duma justiça Portuguesa que aos olhos deste povo cidadão e tão comum ficou insatisfeito por um ou outro motivo.

    ¬ Responder
  • M.L.E.- Soluções de ClimatizaçãoHorácio

    24-07-2012 às 10:41:41

    Absolutamente absorvente. Este livro dá que pensar e que falar. Quando tanto se fala em pedofilia, aqui podemos pensar e querer estudar mais a fundo o que muitas vezes os medias nos comunicam. Somo na realidade consumidores convictos daquilo que a televisão e os jornalistas nos dizem. Bebemos, melhor… sorvemos tudo e criamos os nossos julgamentos sem apurar os factos. Chegamos muitas vezes ao ponto de não querer saber mais e não dar a oportunidade de mais explicações, pois o crime é tão hediondo que arrepia.
    Arrepiante é também este livro que nos faz perceber que as partes têm de se explicar e que a frase “onde há fumo, há fogo” pode não fazer muito sentido.

    ¬ Responder
  • M.L.E.- Soluções de ClimatizaçãoCarina

    23-07-2012 às 12:34:52

    Já li este livro absolutamente arrebatador. A vida dos acusados nunca mais foi a mesma. Perderam-se famílias, escolas, valores, tudo porque as acusações infundadas não foram devidamente investigadas. É assustador pensar que qualquer um de nós pode estar sujeito a uma incriminação destas.
    Prefiro sempre estar do lado das vitimas e acreditar nelas de forma absoluta, mas perante factos que não nos são apresentados, não podemos colocar em causa verdades que juramos, apesar de grandes mentiras serem na sua maior essência. A mais cruel das Tiranias leva-nos a julgar os maiores ditadores e quem alimenta desmesuradamente situações que nunca chegaram a acontecer na realidade.

    ¬ Responder
  • M.L.E.- Soluções de ClimatizaçãoAnabela Morgado

    23-07-2012 às 12:34:28

    Curiosamente a autora do texto faz referencia ao processo Casa Pia logo como introdução num texto sobre o livro em questão. Eu li este livro porque me foi aconselhado por um outro livro relativo ao processo referido.
    A mais cruel das tiranias é um livro espantoso em que vemos o relato de situações verídicas que julgamos nunca poerem acontecer. Estamos habituados nesta podre sociedade a ver casos de pedofilia a serem julgados em que os acusados são absolvidos com a referencia que as provas apresentadas não eram as suficientes. Nos relatos deste livro conhecemos um outro lado que nos leva a questionar muitas coisas.

    ¬ Responder

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Fine and Mellow

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Tema: Música
Fine and Mellow\"Rua
"O amor é como uma torneira
Que você abre e fecha
Às vezes quando você pensa que ela está aberta, querido
Ela se fechou e se foi"
(Fine and Melow by Billie Holiday)

Ao assistir a Bio de Billie Holiday, ocorreu-me a questão Bluesingers x feminismo, pois quem ouve Blues, especialmente as mais antigas, as damas dos anos 10, 20, 30, 40, 50, há de pensar que eram mulheres submissas ao machismo e maldade de seus homens. Mas, as cantoras de Blues, eram mulheres extremamente independentes; embora cantassem seus problemas, elas não eram submissas a ponto de serem ultrajadas, espancadas... Eram submissas, sim, ao amor, ao bom trato... Essas mulheres, durante muito tempo, tiveram de se virar sozinhas e sempre que era necessário, ficavam sós ou mudavam de parceiros ou assumiam sua bissexualidade ou homossexualidade efetiva. Estas senhoras, muitas trabalharam como prostitutas, eram viciadas em drogas ou viviam boa parte entregues ao álcool, merecem todo nosso respeito. Além de serem precursoras do feminismo, pois romperam barreiras em tempos bem difíceis, amargavam sua solidão motivadas pelo preconceito em relação a cor de sua pele, como aconteceu a Lady Day quê, quando tocava com Artie Shaw, teve que esperar muitas vezes dentro do ônibus, enquanto uma cantora branca cantava os arranjos que haviam sido feitos especialmente para ela, Bilie Holiday. Foram humilhadas, mas, nunca servis; lutaram com garra e competência, eram mulheres de fibra e cheias de muito amor. Ouvir Billie cantar Strange Fruit, uma das primeiras canções de protestos, sem medo, apenas com dor na alma, é demais para quem tem sentimentos. O brilho nos olhos de Billie, fosse quando cantava sobre dor de amor ou sobre dor da dor, é insubstituível. Viva elas, nossas Divas do Blues, viva Billie Holiday, aquela que quando canta parte o coração da gente; linda, magnifica, incomparável, Lady Day.

O amor vai fazer você beber e cair
Vai fazer você ficar a noite toda se repetindo

O amor vai fazer você fazer coisas
Que você sabe que são erradas

Mas, se você me tratar bem, querido
Eu estarei em casa todos os dias

Mas, se você continuar a ser tão mau pra mim, querido
Eu sei que você vai acabar comigo

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Título:Fine and Mellow

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