Quem acha que não tem crianças por perto, ou vive noutro mundo ou está muito distraído. Crianças há, e em grande escala e número. De todas as idades, etnias, religiões, estratos sociais, as crianças existem para nos fazer sorrir. Quem não se enternece quando vê passar um corredor desengonçado de crianças de bata aos quadradinhos, e de mãos sujas, vindos do jardim, com ar cansado e franja suada. Quem não se apaixona por um sorriso meio desdentado a perguntar permanentemente porquê?

Criar não é fácil, educar, ensinar, transmitir valores e dar o exemplo são investimentos permanentes e sucessivos que deixamos na vida dos nossos filhos. A sociedade que nos exige tanta coisa e no final de cada dia, quando damos tanto de nós, falta-nos a coragem de sermos o mais importante. Pais. Ralhamos e repreendemos e á noite, bem á noitinha, o cansaço deixa-nos muitas vezes sem vontade de ler a história para dormir. – A mãe já vai – e quando espreitamos, passou mais uma noite em que a história ficou por ler.

Mesmo que muitas vezes os nossos filhos sejam mimados, isso não é sinónimo de que os estejamos a acompanhar da forma correta. Falta sempre mais qualquer coisa, mesmo que a criança já tenha as bochechas vermelhas de tantos beijinhos.

Ora se se acha pouco participativo, ou se puro e simplesmente quer fazer qualquer coisa diferente, deixo-lhe uma ideia que vai curar muita da ansiedade que sentimos. Uma brincadeira diferente. Não se trata de comprar um jogo novo para o computador, nem de uma boneca especialista em fazer qualquer coisa de adulto. Nada disso, isto é bem mais divertido.

Comece por arranjar uma caixa de cartão grande. Pode aproveitar as caixas das lojas, ou compre uma numa superfície comercial de bricolage. Em seguida, compre tintas laváveis baratas. Existem inúmeras no mercado. Prepare uma tesoura e uns quantos retalhos de tecidos velhos e folhas autocolantes que tenha lá por casa.

Agora, junte-se num local mais ou menos espaçoso com o seu filho e decida o que vão fazer com tantos materiais. Uma casinha, um avião, uma nave espacial, um barco. Existem dezenas de opções. No final de preparar e terem a obra construída, insista com o seu filho que cabe lá dentro. Vai vê-lo a sorrir como nunca quando ele olhar para si com as pernas encolhidas e a navegar com uma pala de pirata. Deixe-se levar e solte a criança que há em si.

“Grande é a poesia, a bondade e as danças… mas o melhor de tudo, são as crianças!” – Fernando Pessoa