José Hermano Saraiva – o contador do tempo
Neste dia morreu José Hermano Saraiva, historiador, político, professor, advogado, multifacetado e brilhante como um diamante lapidado.
Cabe-nos agora contar a sua história.
José nasceu a 3 de outubro de 1919 em Leiria. Frequentou na mesma cidade o Liceu Nacional, tendo depois ganho asas e voado para outras paragens.
Na Universidade de Lisboa, licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas em 1941, e em Ciências Jurídicas em 1942.
Ao começar a trabalhar, Saraiva acumulou funções de professor no Liceu e de advogado. Ligado à educação, teve vários cargos, desde reitor a assistente.
Entretanto, na altura do Estado Novo, envolveu-se na política. Foi deputado na Assembleia Nacional e procurador. Foi também Ministro da Educação entre 1968 e 1970, altura em que enfrentou a Crise Académica de ’69. Seguiu-se-lhe José Veiga Simão.
Após deixar o ministério, foi ainda embaixador de Portugal no Brasil.
Por inícios da Democracia, Saraiva ganhou fama pelos seus programas de História e pela sua forma entusiastica de dar a conhecer a nossa cultura, embora esta seja muito criticada por alguns dos seus colegas. José fazia os seus programas espontâneamente, sem guião, pelo que muitos diziam que ele seria “um contador de histórias”. E quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto.
José Hermano Saraiva foi, no entanto, um notável comunicativo.
Voltou a leccionar na Escola Superior de Polícia e na Universidade Aberta de Lisboa.
Recebeu a grã-cruz da Ordem da Instrução Pública, a grã-cruz da Ordem do Mérito do Trabalho e a comenda da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, em Portugal, e a Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco do Brasil.
Faleceu hoje, aos 82 anos, em Palmela, vítima de doença prolongada.
Ao olharmos para trás, vemos que perdemos. Perdemos um grande homem. Perdemos um marco da cultura. Perdemos uma grande alma. Perdemos História!
Descansa em paz, José Hermano Saraiva!