Os primórdios da arte
Embora o som seja importante para comunicar – grunhidos, música -, a arte rupestre é sem dúvida a maneira de comunicar mais marcante deste período, pois teve um desenvolvimento fantástico, que ainda hoje é visível em muitas cavernas espalhadas pela Europa – Lascaux, Chauvet, Altamira, Cosquer, entre outras.
Em relação ao som, há provas que podem levar à conclusão de que o Paleolítico Superior recorria a este método: a existência de tubos de ossos que hoje são usados como flautas, a descoberta do crânio de um mamute que poderá ter sido utilizado como tambor e, por fim, a presença de representações feitas pelos artistas de supostos indivíduos a tocar instrumentos.
Respectivamente à arte rupestre, esta era desenhada em cavernas e grutas com sangue, saliva, argila ou/e excrementos de morcego. Consta-se que a arte rupestre atingiu o apogeu no Magdalenense.
O Homo Sapiens Sapiens dominava técnicas sofisticadas para elaborar as ferramentas essenciais para capturar os seus alimentos. Grande parte destes alimentos era adquirida através da pesca e da caça, o que exigia técnicas e materiais específicos. Estas técnicas passavam de geração em geração através de um processo de demonstração, que funcionava como mais um elemento de aprendizagem. Portanto, o domínio destas técnicas exigia uma capacidade de memória de execução que se mantinha a longo prazo e era comum a todas as comunidades. A pesca e a caça eram temas utilizados pelos artistas na pintura. Logo, podemos deduzir que a arte rupestre era utilizada como suporte de memória, pois estes desenhavam as actividades – pesca, caça – ilustrando as técnicas e as ferramentas com que matavam o animal.
A arte era usada para comunicar com outras pessoas, sobretudo, dentro de um grupo de artistas ou de uma comunidade. Estes tinham como preferência desenhar animais, como o cavalo e o bisonte, mas também desenhavam cenas do quotidiano e gráficos. No entanto, os animais não eram desenhados aleatoriamente, pois um determinado animal estava destinado a ser desenhado num certo lugar, levando-nos a concluir que estamos perante sinais que são partilhados. Os gráficos representavam símbolos para os habitantes deste período. Actualmente, a representação incompleta dos animais, como por exemplo, a crina do cavalo, ainda é incompreensível.
Existem indícios de que algumas cavernas decoradas foram visitadas várias vezes ao longo de milhares de anos. Os indivíduos que operavam nestas cavernas aparentam respeitar os padrões já existentes, de forma a não invadir os seus limites. É possível que estes visitantes tenham mantido na memória os significados das representações.
Algumas descrições foram também aparentemente retocadas, dado que se distinguem traços sobrepostos ou reunidos em algumas figuras. Em alguns casos estas alterações poderão ter sido executadas num curto espaço de tempo, no entanto, outras terão sido feitas milénios após a sua primeira realização. Pode também acontecer, apesar de mais raramente, que o novo grupo de visitantes destrua as pinturas dos seus antecessores.