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O segredo de Van Gogh (Campo de Trigo com corvos)

Categoria: Arte
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Comentários: 2
O segredo de Van Gogh (Campo de Trigo com corvos)

‘Campo de trigo com corvos’ destaca-se como uma das mais poderosas e mais ferozmente debatidas pinturas de Vincent Van Gogh. As várias interpretações deste trabalho em particular são provavelmente mais variadas do que qualquer outro na obra de Van Gogh. Alguns o veem como a "nota de suicídio" de Van Gogh transformada em uma tela, enquanto outros mergulham para além de uma visão geral superficial do assunto e favorecem uma abordagem mais positiva. Alguns críticos mais extremos vão ainda um pouco mais longe - além da tela e das pinceladas - a fim de traduzir as imagens em uma linguagem inteiramente nova do subliminar.

Uma análise artística é, por sua própria natureza, um esforço subjetivo. Ainda assim, as interpretações mais razoáveis são melhor realizadas a partir de uma base fatual.

Ao contrário do mito popular, ‘Campo de trigo com corvos’ não é a última obra de Van Gogh. A pintura é, sem dúvida, turbulenta e, certamente, transmite uma sensação de solidão nos campos - uma imagem poderosa de Van Gogh como artista derrotado e solitário em seus últimos anos. Além disso, ambos os filmes populares ‘Lust for Life’ e ‘Vincent and Theo’ reescrevem a história e retratam esta pintura como sendo a última de Van Gogh - com mais interesse pelo efeito dramático do que pela precisão histórica.

A datação precisa de ‘Campo de trigo com corvos’ é difícil devido à sua semelhança com outras obras que Van Gogh estava pintando e escrevendo, dentro do mesmo período temporal.

Do ponto de vista simbólico vale a pena rever os elementos básicos da pintura e depois explorar cada um a partir de vários e diferentes fins interpretativos do espectro.

Os caminhos presentes no quadro são basicamente compostos de três conjuntos: dois em cada canto de primeiro plano e uma terceira no enrolamento em direção ao horizonte médio. Os caminhos desafiam a lógica em que eles parecem se originar, pois vêm do nada e levam a lugar nenhum. Alguns interpretaram isso como uma confusão em curso na vida de Van Gogh acerca da direção dúbia que a sua própria vida havia tomado. O caminho do meio manteve-se o mais fértil para a interpretação simbólica. O caminho leva a algum lugar? Será que com sucesso se atravessará o campo de trigo e se chegará a novos horizontes? Ou será que, de fato, termina em um beco sem saída inevitável? Van Gogh deixa ao apreciador da sua pintura essa decisão.

Desde os seus primeiros anos como artista Van Gogh, gostava de cenas envolvendo céu tempestuoso. Van Gogh tinha mesmo um grande respeito pelas forças da natureza e inclui céus turbulentos em uma série de suas obras, porque o assunto é tão poderoso e tão cheio de potencial artístico que causa impacto em uma tela vazia. Além disso, Van Gogh escreveu uma vez sobre as possibilidades libertadoras das tempestades: "O piloto, por vezes, consegue avançar porque tem de vencer a tempestade e não ser forçosamente destruído por ela”. Claro que, como o passar dos anos, o seu estado mental tornou-se mais debilitado e suas perceções em relação à natureza podem ter ‘escurecido’. No entanto, pode-se argumentar que Van Gogh entendeu as tempestades como uma parte vital e positiva da natureza.

Provavelmente, a imagem mais poderosa dentro do campo de trigo com corvos é a dos próprios corvos. Mais uma vez, muita interpretação simbólica surgiu a partir da representação do bando de corvos. Grande parte da especulação depende se os corvos estão voando em direção ao pintor (e, portanto, o espectador) ou para longe dele. Se o espectador escolhe perceber que os corvos estão voando em direção ao primeiro plano, entenderá essa aproximação com um mau presságio, como um pressentimento obscuro. Se entender que os corvos se afastam, uma sensação de alívio pode ser experienciada. Tudo depende da perspetiva e da carga emocional que o apreciador colocar na pintura e na sua interpretação no momento.

A verdade é que não há nenhuma resposta certa sobre qual a direção, se houver alguma, que os corvos estão seguindo. Este ponto permanece sem solução e, consequentemente, a sua subjetividade aumenta e a sua análise torna-se discutível.

Em segundo lugar, e talvez de maior importância para o entendimento da pintura, a interpretação dos corvos como arautos da morte é uma construção completamente artificial. Van Gogh, em seus próprios escritos, nunca parece aceitar isso mesmo, pelo contrário.

As várias interpretações de ‘Campo de trigo com corvos’ vão desde o mais simples ao mais absurdo. Uma interpretação simbólica pode ser muitas vezes interessante, às vezes reveladora de perseguição. Mas uma sobre-interpretação de uma obra de arte coloca o espectador em risco de perder o que é verdadeiramente essencial. As obras de Vincent van Gogh proporcionam ao espectador uma gama incrivelmente complexa e bonita de assuntos para explorar e para admirar. Seus desenhos são o produto de um relator de habilidade indescritível e suas pinturas são sempre brilhantes, muitas vezes sublime. Os espectadores que passam o tempo à procura de significados em profundidade dentro do campo de trigo com corvos podem se dececionar. Para alguns, o desejo insaciável de entender a mitologia de Van Gogh envia-os numa busca de meras miragens.

Ao invés de buscar respostas dentro de ‘Campo de trigo com corvos’, o apreciador irá sentir seu tempo bem passado se simplesmente admirar o conjunto desta pintura extraordinária: a cor, a vitalidade e a harmonia turbulenta de cada pincelada. Os segredos intangíveis, se os houver, continuarão envoltos no seu próprio reino inefável - como os corvos.


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Título: O segredo de Van Gogh (Campo de Trigo com corvos)

Autor: Rua Direita (todos os textos)

Visitas: 498

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Comentários     ( 2 )    recentes

  • SophiaSophia

    17-06-2014 às 02:30:44

    As obras de Van Gogh são bem inspirativas. Amei saber dessa história.
    Cumprimentos,
    Sophia

    ¬ Responder
  • M.L.E.- Soluções de Climatização

    15-04-2014 às 23:54:00

    É verdade que 3 dos mais caros top 10 quadros do mundo são de Van Gogh?

    ¬ Responder

Comentários - O segredo de Van Gogh (Campo de Trigo com corvos)

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Ex-Machina e a máxima: cuidado ao mexer com os robôs.

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Tema: DVD Filmes
Ex-Machina e a máxima: cuidado ao mexer com os robôs.\"Rua
Este texto irá falar sobre o filme Ex_Machina, nele podem e vão ocorrer Spoillers, então se ainda não viram o filme, vejam e voltem depois para lê-lo.

Impressões iniciais:

Ponto para o filme. Já que pela sinopse baixei a expectativa ao imaginar que era apenas mais um filme de robôs com complexo de Pinóquio, mas evidentemente que é muito mais que isso.

Desde as primeiras cenas é possível perceber que o filme tem algo de especial, pois não vemos uma cena de abertura com nenhuma perseguição, explosão ou ação sem propósito, típica em filmes hollywoodianos.
Mais um ponto, pois no geral o filme prende mais nos diálogos cerebrais do que na história em si, e isso é impressionante para o primeiro filme, como diretor, de Alex Garland (também roteirista do filme). O filme se mostrou eficiente em criar um ambiente de suspense, em um enredo, aparentemente sem vilões ou perigos, que prende o espectador.

Entrando um pouco no enredo, não é difícil imaginar que tem alguma coisa errada com Nathan Bateman (Oscar Isaac), que é o criador do android Ava (Alicia Vikander), pois ele vive isolado, está trabalhando num projeto de Inteligência Artificial secreto e quando o personagem orelha, Caleb Smith (Domhnall Gleeson), é introduzido no seu ambiente, o espectador fica esperando que em algum momento ele (Nathan) se mostrará como vilão. No entanto isso ocorre de uma forma bastante interessante no filme, logo chegaremos nela.

Falando um pouco da estética do filme, ponto para ele de novo, pois evita a grande cidade (comum nos filmes de FC) como foco e se concentra mais na casa de Nathan, que fica nas montanhas cercadas de florestas e bastante isolado. Logo de cara já é possível perceber que a estética foi pensada para ser lembrada, e não apenas um detalhe no filme. A pesar do ambiente ser isolado era preciso demonstras que os personagens estão em um mundo modernizado, por isso o cineasta opta por ousar na arquitetura da casa de Nathan.

A casa é nesses moldes novos onde a construção se mistura com o ambiente envolta. Usando artifícios como espelhos, muitas paredes de vidro, estruturas de madeira e rochas, dando a impressão de camuflagem para a mesma, coisa que os ambientalistas julgam favorável à natureza. Por dentro se pode ver de forma realista como podem ser as smart-house, não tenho certeza se o termo existe, mas cabe nesse exemplo. As paredes internas são cobertas com fibra ótica e trocam de cor, um efeito que além de estético ajuda a criar climas de suspense, pois há momentos onde ocorrem quedas de energia, então fica tudo vermelho e trancado.

O papel de Caleb á ajudar Nathan a testar a IA de AVA, mas com o desenrolar da história Nathan revela que o verdadeiro teste está em saber se Ava é capaz de “usar”, ou “se aproveitar” de Caleb, que se demonstra ser uma pessoa boa.

Caleb é o típico nerd introvertido, programador, sem amigos, sem família e sem namorada. Nathan também representa a evolução do nerd. O nerd nos dias de hoje. Por fora o cara é careca, barbudão com uns traços orientais (traços indianos, pois a Índia também fica no Oriente), bebê bastante e ao mesmo tempo malha e mantém uma dieta saudável pra compensar. E por dentro é um gênio da programação que criou, o google, o BlueBook, que é um sistema de busca muito eficiente.

Destaque para um diálogo sobre o BlueBook, onde Nathan fala para Caleb:
“Sabe, meus concorrentes estavam tão obcecados em sugar e ganhar dinheiro por meio de compras e mídia social. Achavam que ferramenta de pesquisa mapeava O QUE as pessoas pensavam. Mas na verdade eles eram um mapa de COMO as pessoas pensavam”.

Impulso. Resposta. Fluido. Imperfeição. Padronização. Caótico.

A questão filosófica vai além disso esbarrando no conceito de “vontade de potência”, de Nietzche, mas sobre isso não irei falar aqui, pois já há textos muito bons por aí.

Tem outra coisa que o filme me lembrou, que eu não sei se é referência ou se foi ocasional, mas o local onde Ava está presa e a forma como ela fica deitada num divã, e questiona se Caleb a observa por detrás das câmeras, lembra o filme “A pele que habito” de Almodóvar, um outro filme excelente que algum dia falarei por aqui.

Talvez seja uma versão “O endoesqueleto de metal e silicone que habito”, ou “O cérebro positrônico azul que habito”, mesmo assim não podia deixar de citar a cena por que é muito interessante.

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Jhon Erik Voese

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Comentários

  • Suassuna 11-09-2015 às 02:03:47

    Gostei do texto, irei conferir o filme.

    ¬ Responder
  • Jhon Erik VoeseJhon Erik Voese

    15-09-2015 às 15:51:02

    Que bom, obrigado! Espero que goste do filme também!

    ¬ Responder

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